ATA
DA VIGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 13-4-2009.
Aos
treze dias do mês de abril do ano de dois mil e nove, reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas, foi realizada a chamada, respondida pelos Vereadores Adeli
Sell, Airto Ferronato, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, DJ Cassiá,
Dr. Raul, João Carlos Nedel, Juliana Brizola, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro,
Paulinho Ruben Berta, Toni Proença e Waldir Canal. Constatada a existência de
quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni, Beto
Moesch, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Ervino Besson,
Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, Ismael Heinen, João Pancinha, Luiz Braz,
Marcello Chiodo, Maria Celeste, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Nilo Santos,
Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha
Negra e Valter Nagelstein. À MESA, foram encaminhados, pelo Vereador João
Carlos Nedel, os Projetos de Lei do Legislativo nos 039, 052, 058 e
061/09 (Processos nos 1007, 1471, 1561 e 1601/09, respectivamente).
Ainda, foram apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor
Presidente, solicitando desarquivamento de Processos: de autoria do Vereador
Adeli Sell, com referência ao Projeto de Lei do Legislativo nº 280/08 (Processo
nº 6908/08), e de autoria do Vereador Engenheiro Comassetto, com referência ao
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 021/07 (Processo nº 4808/07).
Também, foi apregoada a Emenda nº 06, de autoria do Vereador Pedro Ruas e da
Vereadora Fernanda Melchionna, respectivamente Líder e Vice-Líder da Bancada do
PSOL, ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 020/05 (Processo nº
2655/05). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 10205620,
10206106, 10206227 e 10206515/09, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da
Saúde. Durante a Sessão, deixaram de ser votadas as Atas da Primeira, Segunda,
Terceira, Quarta, Quinta, Sexta, Sétima, Oitava e Décima Sessões Ordinárias e a
Ata Declaratória da Nona Sessão Ordinária. A seguir, foi apregoado Requerimento
de autoria do Vereador João Antonio Dib, solicitando Licença para Tratamento de
Saúde, nos dias de hoje e amanhã, tendo o Senhor Presidente declarado empossado
na vereança o Suplente Ismael Heinen, após a entrega de seu Diploma e
Declaração de Bens, bem como a prestação do compromisso legal e indicação do
Nome Parlamentar, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de
Economia, Finanças, Orçamento e do MERCOSUL. Na ocasião, foi apregoada
Declaração firmada pelo Vereador João Carlos Nedel, Líder da Bancada do PP, em
exercício, informando o impedimento do Suplente Newton Braga Rosa em assumir a
vereança nos dias de hoje e amanhã, em substituição ao Vereador João Antonio
Dib. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciaram-se os Vereadores Carlos Todeschini, em
tempo cedido pelo Vereador Pedro Ruas, e Reginaldo Pujol. Após, por solicitação
do Vereador Adeli Sell, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem
póstuma ao Artista Plástico Xico Stockinger, falecido no dia de ontem. Em
prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Ismael Heinen,
que se pronunciou nos termos do § 8º do artigo 12 do Regimento. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, pronunciaram-se os Vereadores Tarciso Flecha Negra, Engenheiro
Comassetto, Waldir Canal, Paulinho Ruben Berta, Beto Moesch e Alceu Brasinha.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, pronunciou-se o Vereador Aldacir José
Oliboni. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se a Vereadora Fernanda
Melchionna e os Vereadores Haroldo de Souza, Ismael Heinen e Luiz Braz. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pelo Governo, pronunciou-se o Vereador Dr. Raul. A
seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Após,
foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Bernardino Vendruscolo,
solicitando o adiamento, por uma Sessão, da votação do Projeto de Resolução nº
112/05 (Processo nº 3712/05). Em Votação, nos termos do § 3º do artigo 194-B do
Regimento, esteve o Parecer nº 019/09 (Processo nº 6932/08), da Comissão de
Constituição e Justiça, o qual, após ser encaminhado à votação pela Vereadora
Fernanda Melchionna e pelos Vereadores Sebastião Melo, Carlos Todeschini, Luiz
Braz, Valter Nagelstein e Waldir Canal, teve sua votação adiada por cinco
Sessões, a Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador Sebastião Melo. Na
ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do teor do Parecer
anteriormente apreciado, tendo-se manifestado sobre o assunto e sobre o pedido
de adiamento da matéria o Vereador Reginaldo Pujol. Também, o Senhor Presidente
determinou a distribuição de cópias do Parecer anteriormente referido a todos
os Senhores Vereadores. Em seguida, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da
presente Sessão, nos termos regimentais, por trinta votos SIM, em votação
nominal solicitada pela Vereadora Maria Celeste, tendo votado os Vereadores
Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Carlos Todeschini, DJ
Cassiá, Dr. Raul, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Ervino
Besson, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, Ismael Heinen, João Carlos
Nedel, João Pancinha, Juliana Brizola, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Maria
Celeste, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo
Santos, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon,
Tarciso Flecha Negra e Toni Proença. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado
o Projeto de Lei do Executivo nº 029/08, por vinte e três votos SIM e nove
votos NÃO, após ser discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Valter Nagelstein,
Engenheiro Comassetto, Luiz Braz, João Pancinha, Ervino Besson, Fernanda
Melchionna, Reginaldo Pujol, Maria Celeste, Carlos Todeschini, João Carlos
Nedel, Haroldo de Souza, Pedro Ruas e Airto Ferronato e encaminhado à votação
pelas Vereadoras Sofia Cavedon e Fernanda Melchionna e pelos Vereadores Carlos
Todeschini e Reginaldo Pujol, em votação nominal solicitada por vários
Vereadores, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Beto Moesch, DJ
Cassiá, Dr. Raul, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Ervino Besson, Haroldo de
Souza, Ismael Heinen, João Carlos Nedel, João Pancinha, Juliana Brizola,
Marcello Chiodo, Mario Manfro, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo Santos,
Paulinho Ruben Berta, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Tarciso Flecha Negra,
Toni Proença e Valter Nagelstein e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir José
Oliboni, Carlos Todeschini, Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Maria
Celeste, Mauro Pinheiro, Pedro Ruas e Sofia Cavedon. Durante a apreciação do
Projeto de Lei do Executivo nº 029/08, os Vereadores Aldacir José Oliboni, Dr. Raul, Mauro
Pinheiro e Pedro Ruas e a Vereadora Sofia Cavedon cederam seus tempos de
discussão, respectivamente aos Vereadores Adeli Sell, Valter Nagelstein, Maria
Celeste, Fernanda Melchionna e Pedro Ruas. Em Discussão Geral e Votação, esteve
o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 024/07, o qual teve sua discussão
adiada por uma Sessão, a Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador Carlos
Todeschini, por dezenove votos SIM e oito votos NÃO, em votação nominal
solicitada pelo Vereador Valter Nagelstein, tendo votado Sim os Vereadores
Adeli Sell, Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Carlos Todeschini, Dr.
Thiago Duarte, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Ismael
Heinen, Juliana Brizola, Maria Celeste, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Paulinho
Ruben Berta, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e
Toni Proença e Não os Vereadores DJ Cassiá, Ervino Besson, João Carlos Nedel,
João Pancinha, Marcello Chiodo, Mario Manfro, Nelcir Tessaro e Nilo Santos.
Após, foi apregoada a Emenda nº 01, de autoria dos Vereadores João Carlos
Nedel, Líder da Bancada do PP, em exercício, e Beto Moesch, ao Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 024/07, e foi aprovado Requerimento de autoria
do Vereador João Carlos Nedel, solicitando que a referida Emenda fosse
dispensada do envio à apreciação de Comissões Permanentes. Em continuidade, foi
aprovado Requerimento de autoria do Vereador João Carlos Nedel, solicitando a
retirada de tramitação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 005/05
(Processo nº 1087/05). A seguir, o Senhor Presidente declarou encerrada a Ordem
do Dia. Em COMUNICAÇÕES, manifestou-se o Vereador Carlos Todeschini. Às dezoito
horas e cinquenta e um minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo, Adeli Sell e Toni
Proença e secretariados pelo Vereador Nelcir Tessaro. Do que eu, Nelcir
Tessaro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após
distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. João Antonio Dib solicita Licença
para Tratamento de Saúde no período de 13 a 14 de abril. A Mesa declara
empossado o Suplente, Vereador Ismael Heinen, que integrará a Comissão de
Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul, em função da impossibilidade de o
Suplente Newton Braga Rosa assumir a Vereança.
Solicito ao
Ver. Ismael Heinen que entregue seu Diploma e a Declaração de Bens a esta Mesa.
(Procede-se à
entrega do Diploma e da Declaração de Bens.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Solicito que os presentes, em pé, ouçam o compromisso que o Ver. Ismael
Heinen
prestará a seguir.
O SR. ISMAEL
HEINEN: "Prometo cumprir a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre,
defender a autonomia municipal, exercer com honra, lealdade e dedicação o
mandato que me foi conferido pelo povo." (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Obrigado,
Vereador. Parabéns. Declaro
empossado o Ver. Ismael Heinen.
Passamos
ao
O
Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de
tempo do Ver. Pedro Ruas.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Presidente no exercício dos trabalhos, Ver. Adeli Sell;
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público presente, assistentes do Canal 16, Rádio Câmara,
todos os presentes, recebam a minha saudação pós-feriadão. Venho aqui discutir
um assunto que está em Pauta hoje: Projeto de nossa autoria que institui o Programa
de Substituição Progressiva da Utilização do Óleo Diesel Convencional e da
Mistura Óleo Diesel/Biodiesel B2 pelo Biodiesel B100 nos ônibus e lotações do
sistema de transporte público de passageiros de Porto Alegre, com o objetivo de
avaliar prazos, taxas de mistura e compatibilidade com motores relativamente ao
Biodiesel B100. Isso vem com uma ideia de aprofundar, Ver. Bernardino, o debate
sobre o uso dos combustíveis alternativos, dos combustíveis renováveis, com
intuito de combater a poluição e o aquecimento global, porque estamos, cada dia
mais, no último século, sofrendo as graves consequências das alterações
climáticas causadas pelas emissões de combustíveis fósseis, em especial, a
queima de petróleo, a queima do carvão mineral, que é o carvão fóssil.
Temos, em especial nas grandes cidades, grandes ilhas de
aquecimento, grandes ilhas de calor. Por isso o foco do combate ao aquecimento
global tem que se dar em relação ao controle nas cidades em que as emissões têm
origem, nas fábricas, e não particularmente na América Latina. É mais
significativo o que acontece na Europa e na China mais modernamente, porque lá
as fábricas são grandes consumidoras de carvão mineral, carvão fóssil. Nas
cidades há um grande consumo de petróleo, que é um combustível fóssil que gera
grandes quantidades de CO² e de material particulado. Esses dois elementos, o
CO² e o material particulado, prendem, não permitem que o calor proveniente do
sol, que chega até a superfície terrestre, e das construções, das árvores,
através de ondas curtas... Os poluentes não permitem que essas ondas, depois de
serem refletidas pela superfície terrestre, se dissipem pelo espaço; isso faz
com que o calor permaneça represado na superfície terrestre, produzindo muito
calor.
O
Brasil tem monumentais iniciativas na direção e na oferta de possibilidades
para que o mundo continue andando no ritmo em que anda, a uma velocidade muito
grande, exigindo do transporte, exigindo muito das máquinas, um elemento
central para a viabilização, para a sustentabilidade econômica. Ao mesmo tempo
em que o Brasil oferece os biocombustíveis, ele também produz tecnologia,
produz elementos para que a poluição ambiental, os gases do aquecimento global
não aumentem. Nós temos aqui um grande projeto pioneiro, que é o Proálcool, que
já é um projeto prático, consagrado. Nós poderemos, quem sabe, em quatro ou
cinco anos, ter toda a frota de motores leves movidas a álcool, que é um
combustível eficaz, testado, consagrado. Nos últimos anos, tivemos a
introdução, praticamente depois de 2003, do motor flex, que deu a volta,
deu conta das necessidades tecnológicas, tornando o Brasil um país líder na
área dos biocombustíveis, os combustíveis renovados.
E
no outro lado - o lado dos combustíveis para os motores eficientes, dos motores
pesados para movimentar caminhões, ônibus, camionetes - ele passa a ter um
lugar importante. Por quê? Porque somos um País que tem uma irradiação solar
sem comparações, porque nós temos um vasto território, Ver. Bernardino, porque
temos um potencial agrícola incomparável que nos permite desenvolver muito mais
a área do biodiesel, que é o biodiesel renovado originário da agricultura.
Aliás, é bom que se diga: quando o Rodolfo Diesel desenvolveu o primeiro motor,
ele foi desenvolvido para ser movimentado a óleo de amendoim, e tudo foi
pensado, concebido e montado na estrutura de que seria através do combustível
de origem agrícola, portanto renovável, não poluente, não fóssil. Só que, com a
introdução do petróleo a preços mais baratos, isso praticamente foi esquecido
no século passado, mas volta com muita potência agora.
O
Sr. Bernardino Vendruscolo: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Todeschini, quero o
cumprimentar pelo assunto, por trazer este debate, que eu acho de suma
importância. Há muito o tema me chama a atenção, e eu tenho um Projeto aqui
nesta Casa que tramita nesse sentido, por isso pergunto: por que o Executivo, a
começar aqui pela Capital, não incentiva o uso do GNV nos automóveis da frota
municipal? Não é só o Executivo Municipal, o Estado, a União. Por que será que
os Governos que tanto falam - acho que devem falar e devem fazer, progredir no
sentido de usar, sim, combustível menos poluente - não dão exemplo dentro de
casa? Por que não fazem os deveres de casa? E eu vou lhe fazer mais uma
pergunta; não tenho esse conhecimento, por isso vou lhe fazer esta pergunta: os
ônibus poderiam ser movidos a GNV? Eu não sei, por isso lhe faço a pergunta.
Obrigado.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Sim,
posso lhe responder com tranquilidade, Ver. Bernardino, e quero dizer que
conheço o seu Projeto e sou apoiador do seu Projeto, porque ele vem na mesma
direção. O GNV, ainda que tenha origem fóssil, é um combustível que faz uma
queima total, ele transforma o gás metano - que é uma molécula muito grande,
muito poluidora e que aumenta o efeito estufa - numa molécula vinte vezes menor
que a molécula de CO², portanto ele também vem na direção de beneficiar o meio
ambiente. Também concordo com o senhor, não entendo por que todos os motores a
gasolina e todos os motores leves não são transformados em motores movidos a
GNV, porque isso daria ganhos ambientais e ganhos econômicos muito importantes.
Aliás, é bom que se diga - e aproveitamos para fazer aqui uma reclamação,
porque o GNV está muito caro se comparado com o de Santa Catarina: quando teve
aquela retirada dos impostos, do pacote da Governadora, não foi retirado do
GNV, portanto o monopólio, o oligopólio aqui do combustível não está dentro do
mercado, e agora a Governadora anunciou que vai retirar 10%, vai baixar o preço
do gás em 10%, e não o fez até o momento.
Vossa
Excelência perguntou: “É possível movimentar um motor de ônibus com GNV?” É
perfeitamente possível e praticamente não há necessidade de alterar nada no
motor. Facilmente, ele é adaptável à movimentação com o GNV, o que viria ao
encontro de produzir uma queima muito completa sem ter o material particulado
que se tem hoje aqui nas principais áreas de concentração do Centro da Cidade e
das grandes avenidas. Portanto isso também geraria grandes benefícios à Saúde
Pública, diminuindo os gastos com saúde, por exemplo, porque as doenças
infecciosas, alérgicas e respiratórias têm aumentado demais.
Tanto o biodiesel quanto o GNV e o álcool são muito
benéficos, desejáveis e deveria haver um esforço total das autoridades do
Executivo para a implementação das leis e das medidas administrativas
possíveis, e nem precisariam de leis para que se avançasse nessa direção.
Cumprimento V. Exª pelo aparte e posso dizer, com toda a tranquilidade, que V.
Exª tem toda a razão, Ver. Bernardino.
O Sr. Engenheiro Comassetto: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Prezado Ver. Carlos Todeschini,
quero cumprimentar V. Exª por trazer o tema ao debate. Quero fazer dois
registros aqui - que inclusive se adendam ao seu Projeto de Lei, que está para
ser discutido e votado aqui por esta Casa. O primeiro deles é que há poucos
dias apresentamos a possibilidade de também ser implantado em Porto Alegre o
sistema de veículos leves sobre trilhos, veículos que podem usar a eletricidade
como energia alternativa motora. E o segundo registro é que Porto Alegre já foi
uma das cidades que apresentaram um dos menores índices de poluição do ar na
sua região central, principalmente em relação à poluição provocada pelos
ônibus. Hoje Porto Alegre é a segunda cidade com a pior qualidade de ar no
Brasil; só perdemos para São Paulo. Esse registro é atual, é uma situação que
estamos vivenciando. Certamente, o seu Projeto vem no sentido de oferecer
alternativas, mas, se não houver fiscalização e a correta adequação da EPTC e
da SMAM, esse problema vai continuar. Obrigado.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Obrigado pela
sua contribuição, que é verdadeira. Vossa Excelência também é engenheiro
agrônomo, é um agente político preocupado com a questão da sustentabilidade,
com a questão ambiental.
Bem, mas temos outras vantagens ainda em relação ao
uso do biodiesel: é uma energia renovável; há redução da emissão de poluentes
na atmosfera; há economia de combustível; é biodegradável; há diversificação na
matriz energética; não é tóxico; contribui para a geração de renda e para novas oportunidades de
negócios na agroindústria; funciona em motores convencionais, não requerendo
modificações para operar os já existentes; pode ser usado sozinho ou misturado
em qualquer quantidade com o diesel mineral; é um ótimo lubrificante e
pode aumentar a vida dos motores; possui baixo risco de explosão, pois precisa
de uma fonte de calor acima de 150 graus para explodir; é um mercado em grande
expansão; melhora o número de cetano, o que significa melhor desempenho na
ignição dos veículos; há redução no teor do enxofre do combustível quando
comparado ao diesel, pois esse é o grande mal: o óxido de enxofre
produzido pelo diesel se transforma em ácido sulforoso e depois, com a umidade,
em ácido sulfúrico, que destrói os monumentos, que destrói o concreto, que
destrói a fachada das casas, as paradas de ônibus - isso é muito importante,
porque o biodiesel minimiza esse problema -; e, sobretudo, aumenta o número de
famílias beneficiadas pela agricultura familiar. Por que isso? Porque os
pequenos agricultores vão poder ter alternativa de mercado. Quando o preço do
óleo estiver ruim para a alimentação, poderá ser utilizado principalmente para
combustível, é uma alternativa para manter a renda dos pequenos produtores, sem
a necessidade de importar diesel de
petróleo, que é muito caro, é poluente, é de origem fóssil.
Então,
faço esta fala inicial por questões como a que se viu ontem: eu fiquei uma hora
no engarrafamento da RS-122, em Portão, para pagar um pedágio. Imaginem uma
fila de cinco quilômetros, andando a uma velocidade de cinco quilômetros por
hora, o grau de poluição que causa. Há uma insensibilidade muito grande,
principalmente da Governadora, que estava em viagem aos Estados Unidos ontem, e
parece que estava esquecendo do Rio Grande. Não tinha a autoridade do DAER,
ninguém prestou contas. De seis cancelas, duas estavam fechadas, e aquele
congestionamento causando enorme gasto de combustível! Então, essas coisas são
de se lamentar.
Nós
esperamos, com medidas como este Projeto, fazer com que a tecnologia avance e a
opção política seja tomada, pelo bem da Saúde Pública, do meio
ambiente e da sustentabilidade econômica. Obrigado pela atenção e pelos
apartes, Srs. Vereadores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, transcorridos mais de cem dias desta Legislatura, pela vez primeira
ocupo a tribuna neste período de Grande Expediente, quando nós somos
confortados com o espaço de tempo mais alongado, que permite o aprofundamento
em alguns assuntos.
Tenho, reiteradamente, desta tribuna, me
manifestado sobre alguns assuntos e pretendo repeti-los no dia de hoje,
especialmente aqueles que se vinculam à habitação popular. Tenho demonstrado
meu temor de que o anúncio feito com estardalhaço pelo Governo Luiz Inácio Lula
da Silva a respeito da construção de um milhão de casas populares venha a
frustrar os anseios da comunidade, na medida em que já há sintomas de que,
nesse propósito, já não há tempo pré-delimitado, meu caro Ver. Ismael Heinen -
que hoje duplica a nossa Bancada aqui na Casa. Vereador, é uma alegria muito
grande vê-lo aqui, acho que V. Exª é um daqueles exemplos de que, às vezes, a
democracia escreve certo por linhas tortas: V. Exª ganhou um descanso pelo
grande trabalho que fez aqui na Legislatura anterior, e, com muita certeza, com
frequência amiúde, vai estar aqui conosco, porque assim é o interesse de todos
nós que reconhecemos suas qualidades de grande Parlamentar e de grande homem
público. Vossa Excelência se debruçou sobre este assunto longamente durante o
período em que aqui se encontrou, conhece algumas reminiscências históricas que
nos autorizam a falar sobre este assunto.
Eu mexi com habitação popular, eu tratei de
habitação popular num período, Ver. Haroldo, em que não se anunciou a
construção de um milhão de casas populares. Não. Construíram-se dois milhões de
casas populares por este Brasil afora. Não foi um anúncio. Não é mais ou menos
como a BR-101, sobre a qual se anuncia que vai ser feita em dois anos; já
correram cinco anos, e não tem nem a metade feita. A projeção - ia se concluir
em 2010 - já está sendo passada para 2011, se chegar a tanto.
E tudo isso acontece num contexto em que o Brasil
começa a sentir a “marolinha” com mais intensidade. Aquela colocação do
primeiro mandatário da Nação, o grande guia Luiz Inácio Lula da Silva, de que a
crise seria uma “marolinha”, de que a economia brasileira iria absorvê-la com
facilidade, lamentavelmente não se confirma, Vereador. E a “marolinha”
engrossou e continua engrossando, ao ponto de as autoridades federais,
especialmente o Ministro do Planejamento, já falarem em contingenciamento do
PAC, desse Programa constituído para alavancar a candidatura oficial da
Ministra Dilma Roussef. Já se anuncia que o PAC vai ser contingenciado e que a
habitação também vai ser contingenciada, como outros segmentos já estão sendo
contingenciados. Está aí o Ministro Tarso Genro a reclamar que já há
contingenciamento no Pronasci. Então, é geral o contingenciamento.
Isso tudo no momento em que o Governo Federal
dadivosamente resolve socorrer o mundo, que se encontra em dificuldades, e anuncia
que irá aportar ao Fundo Monetário Internacional, Ver. Engenheiro Comassetto,
4,5 bilhões de dólares, para que as dificuldades do mundo se resolvam, enquanto
perduram as dificuldades do brasileiro que não tem casa, do brasileiro que não
tem emprego, do brasileiro que não tem saneamento, enfim, do brasileiro que
precisa ser socorrido e não o é, enquanto os ricos, os poderosos, aqueles que
eram os nossos algozes, e o Partido dos Trabalhadores pedia na rua que fosse
banido deste País - “Fora FMI!” -, agora são socorridos pelo Brasil.
O Sr. Engenheiro Comassetto: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, muito
obrigado pelo aparte. Quero aqui retificar os números que V. Exª apresenta,
pela ótica de quem acredita que o País está no rumo certo. Esses 4,5 milhões
que o Brasil hoje...
O SR. REGINALDO PUJOL: Quatro
bilhões e meio...
O Sr. Engenheiro Comassetto: ...milhões e
meio que o Brasil oferece ao FMI, V. Exª sabe que são dos Fundos de Reserva, os
quais não podem ser destinados para outra finalidade senão para investimentos,
inclusive nos capitais internacionais. E são recursos do Fundo do Banco
Central, não podem ser aplicados em outra rubrica. E o segundo ponto...
O SR. REGINALDO PUJOL: Quero
continuar ouvindo o seu aparte, mas a sua colocação peca pela base; se têm de
aplicar em algum lugar esse dinheiro, por que não o aplicaram no BNDES? Por que
não o aplicaram nos bancos brasileiros? Por que não o aplicaram na Caixa
Econômica Federal, e sim no FMI?
O Sr. Engenheiro Comassetto: Já lhe
respondo. Agora, dos 34 bilhões de reais que foram disponibilizados para o
Programa Minha Casa, Minha Vida, com um milhão de habitações, desses aí, 16
bilhões de reais são do capital próprio, que está sendo destinado para a Caixa
Econômica Federal - são 16 bilhões do Fundo num total de 34 bilhões de reais.
E eu queria fazer outra retificação à sua fala,
dizendo que não tem prazo... Não é assim, não. Esse é um projeto republicano,
feito com a União, com o Estado e com os Municípios, em que cada um tem de
fazer a sua parte. Por exemplo, nós, aqui, temos de gravar as Áreas Especiais
de Interesse Social para poderem se enquadrar. Enquanto não fizermos isso,
Porto Alegre não se encaixa, portanto temos de fazer a tarefa de casa também.
Muito obrigado.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Belíssimo
aparte de V. Exª, eu não poderia ser mais feliz, se não recebesse esse
brilhante aparte de V. Exª, que, de certa forma, magistralmente, dá uma aula
sobre economia internacional, diz que as reservas só podem ser aplicadas no
sistema bancário, por isso foram aplicadas no Fundo Monetário Internacional, o
que é a mais ortodoxa política capitalista! A mais ortodoxa política
capitalista é essa, que faz essa afirmação que não tem sustentação legal! Nada
impõe, a não ser as regras de mercado, mas as regras de mercado eram
abomináveis e agora não são mais, Ver. José Ismael?! Quando V. Exª saiu aqui da
Casa, essas regras eram abomináveis, não eram? Vossa Excelência volta, e agora
elas não são mais! Já está todo mundo perdoado! O FMI como é bem-vindo...!
Aliás, ele nem precisa mais vir aqui, nós vamos lá e levamos o dinheirinho para
eles, num gesto de solidariedade com os pobres do Primeiro Mundo, que estão
falidos! E o Brasil, Ver. Luiz Braz, é o maior de todos, está solidário com os
americanos, com os franceses, com os ingleses, com os alemães, com o Primeiro
Mundo! Porque nós já atendemos a Amazônia, já atendemos o Brasil central, não
há mais ninguém para ser atendido nos morros do Rio de Janeiro, na Grande São
Paulo, e nem existe mais problema de sub-habitação em Porto Alegre...! Essas
areazinhas que foram faladas aqui, as AEIS, são café pequeno! Se dá para
colocarem 4,5 bilhões, o Fogaça não tem mais problemas. O BNDES vai dar
financiamento, valores consistentes para emprestarmos cem milhões! Ora, com cem
milhões nós fazemos chover, inclusive de baixo para acima! Fazemos milagres
aqui!
O Sr. Ismael Heinen: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre colega, Líder do nosso
Partido em nossa Casa, quero agradecer as referências elogiosas, não tão
merecidas, mas quero contribuir para a colocação de V. Exª quanto à preocupação
de atingirmos um milhão de moradias. Antes havia prazo, agora já não há mais
prazo, haja vista a falta de gestão. E, principalmente, lamento muito como
defensor do cooperativismo... No passado este País construiu dois milhões;
Costa e Silva, quando assumiu, disse: “Vou fazer um milhão de moradias.”
Tínhamos um BNH, que não discriminava as cooperativas habitacionais, que foram
grandes propulsoras para atingir as camadas necessárias para chegarmos à
inclusão social da população na época. Isso está afastado, não se vê gestão,
vê-se apenas injeção de dinheiro para as construtoras do País. Quer dizer,
falta planejamento. E vai faltar muito tempo para chegarmos, se não criarmos
gestões apropriadas para fazermos o plano habitacional. Mas aqueles dois
milhões, nobre colega, foram feitos com a metade da população do Brasil, com a
metade dos juros hoje cobrados pelo País. Quer dizer, falta muita gestão a este
País para podermos agradar o FMI. Aliás, do dinheiro do nosso Fundo de Reserva,
nós pagamos 12% de juros ao ano e vamos emprestar para o FMI pagando juros para
fazer o empréstimo a eles. Obrigado pela oportunidade.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Obrigado
pelo aparte de V. Exª, Ver. Ismael, que inclusive me permite consolidar o meu
pronunciamento, alertando para o seguinte: essas reservas que o Brasil possui
no Exterior, reservas que nos permitem pagar setenta bilhões de dólares de
empréstimos... Nós somos o único país do mundo que está pagando os credores;
eles adoram o Brasil de hoje, todo mundo adora o Brasil de hoje, nós somos uma
beleza para eles! O Governo enxuga da economia nacional bilhões de dólares e
paga juros altos aqui no mercado interno para os bancos se beneficiarem.
Através do compulsório, ele retira dinheiro, paga com o interbancário e
consegue segurar as reservas externas, que lhe permitem ser dadivoso com o
Fundo Monetário Internacional. Eu quero, com toda a tranquilidade, dizer a
todos que nunca tive medo do FMI. Eu sempre soube que o Brasil era sócio do
FMI, eu sempre soube que era um direito do Brasil se socorrer do FMI quando
assim precisava. Eu não gostava de ver o Brasil se curvando às imposições do
Fundo Monetário Internacional, quando está provado que eles não são gênios,
erram, e com muita frequência. Erraram agora nas previsões com relação à
economia americana, e deu nesse rolo que estamos vivendo.
Então,
é preciso ser dito nesta hora, e este é o tom final e básico do meu
pronunciamento, que nós não podemos mais ludibriar a opinião pública anunciando
projetos que não se realizam e fazendo isso que é, sem dúvida nenhuma, uma
ofensa aos brasileiros, uma ofensa aos Prefeitos dos Municípios que estão vendo
se reduzirem consideravelmente os recursos do Fundo de Participação dos
Municípios, o FPM, recursos que são reduzidos porque a “marolinha” levou o
Governo a anunciar, como está anunciando até agora, o aumento da tributação,
porque, na medida em que reduziu os impostos, o IPI da indústria automobilística,
ele quer compensar aumentando os impostos sobre o cigarro, sobre a bebida
alcoólica e não-alcoólica, sobre o refrigerante. Tudo isso vai ser aumentado
porque o caixa do Governo foi reduzido, e o Governo, que tem toda essa reserva,
a ponto de entregá-la ao capitalismo internacional, vai mais uma vez no bolso
do contribuinte superar suas dificuldades. Cada um de nós vai pagar um pouco!
Vão dizer que o Pujol está reclamando dos fumantes...! Não sou mais fumante,
mas estou reclamando em nome deles! Não se pode trabalhar com “cobertor curto”,
porque se puxa uma ponta e se descobre na outra.
Concluo,
Sr. Presidente, dizendo que, lamentavelmente, o grande condutor da política
brasileira, “o cara” da política internacional, o amigo do Obama só é reconhecido
hoje por aqueles que estão recebendo as suas benesses. E os 4,5 bilhões de
dólares ao FMI são a repetição do que já aconteceu com a Bolívia, com o
Equador, com a própria Venezuela e com vários outros países: dadivosamente, nós
vemos apoio financeiro para todos com recursos tirados do bolso do contribuinte
brasileiro!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Creio
que falo não apenas por toda a Casa, mas também por Porto Alegre: solicito às
Sras Vereadoras e aos
Srs. Vereadores um minuto de silêncio pela perda deste artista impressionante,
inestimável: Xico Stockinger. Façamos então a homenagem a esse grande artista
de Porto Alegre.
(Faz-se
um minuto de silêncio.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Ismael Heinen, que reassume hoje como Suplente aqui na Câmara de
Vereadores - foi nosso colega na Legislatura passada -, está com a palavra em
Tempo Especial.
O
SR. ISMAEL HEINEN: Exmo
Presidente dos trabalhos,
Ver. Adeli Sell; nobres colegas Vereadoras e Vereadores, público que nos assiste,
funcionários desta Casa, amigos presentes aqui - a vocês, carinhosamente, o meu
abraço -, telespectadores da TVCâmara, é com muita alegria e satisfação
que retorno a esta Casa no dia de hoje, na condição de Suplente, principalmente
por estar ocupando a cadeira, nobre Presidente, do Ver. João Antonio Dib, que,
por motivo de força maior, cede o seu espaço por alguns dias. Honra-me, no
calendário da minha vida, um dia ter substituído o Ver. João Antonio Dib. Quero
cumprimentar todos os meus colegas, aqueles com quem compartilhamos quatro anos
seguidos na gestão anterior, é um prazer revê-los, matando a saudade dos
debates que tivemos naquela oportunidade. E para os novos colegas, hoje aqui
também, quero desejar sucesso e amplos debates democráticos nesta Casa.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meu querido Ver. José Ismael
Heinen, em nome da Bancada do PDT, quero dar-lhe um abraço muito fraterno,
muito amigo. A Casa se sente muito honrada em recebê-lo no dia de hoje. Vossa
Excelência deixou uma história aqui, e, sempre que eu falo sobre
cooperativismo, o seu nome aflora - não só por parte deste Vereador, mas por
parte de muitas pessoas que acompanham o seu trabalho e o meu trabalho.
Portanto, Vereador, que pena! Mas a vida reservou este momento. E tenho certeza
de que coisas boas estão reservadas a V. Exª, pelo seu trabalho, pela sua
história, por tudo que V. Exª representou para o sistema cooperativista e
continua representando nesta sua caminhada. Receba meu abraço fraterno.
(Palmas.)
O SR. ISMAEL HEINEN: Muito
obrigado, Ver. Ervino Besson. Meus amigos, eu retorno tão emocionado como há
quatro anos e alguns meses, quando usei esta tribuna pela primeira vez. Por
estar aqui hoje, nem que seja por poucos dias, nobre colega Ver. Bernardino
Vendruscolo, me sinto útil a esta Casa, pois o que sei aprendi tudo aqui.
Sinto-me útil, nem que seja por um dia, por poder trazer o pensamento de uma
parte da população de Porto Alegre. É um momento todo especial.
Olhando para quatro anos atrás, vislumbro hoje,
praticamente, os mesmos problemas. Hoje, na minha estreia nesta gestão, vejo
ainda com tristeza, nobre colega Ver. Reginaldo Pujol, a fragilidade de um dos
três Poderes da nossa República. Eu vejo isso até com um certo pesar, com uma
certa preocupação, que é a de ver os nossos Parlamentos esvaziados na sua
importância e enlameados na
sua transparência, na sua ética e na sua moral. Todos nós assistimos às mesuras
usadas pelo Poder Executivo e também agora, nos últimos tempos, pelo Judiciário,
tentando invadir o espaço deste Poder importante da República, que é o Poder
Legislativo, em que as medidas provisórias, as resoluções se sobrepõem às
decisões que teriam que ser naturais naquela Casa, onde um Senador da República
propõe um plebiscito para fechar o Parlamento Nacional. Será que isso tem
alguma coisa a ver com o que está acontecendo com os nossos vizinhos da América
Latina? Ou foi um momento de infelicidade muito grande desse Senador da
República? Se ele quer uma Reforma Política, sequer poderia imaginar propor um
plebiscito para acabar com o Parlamento deste País, deveria propor, sim, uma
Reforma Política necessária, buscando a equanimidade dos três Poderes da
República, as suas interdependências, e não a interferência dos Poderes diante
delas.
Concluo,
Sr. Presidente, dando um abraço a todos os senhores aqui, numa corrente para
frente, para que nós possamos - Porto Alegre e esta Casa, como sempre foi - ser
o modelo da democracia, do respeito, do debate, da pluralidade. Muito obrigado,
e que Deus nos inspire e nos ilumine nessa batalha de preservarmos a democracia
no nosso País.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Boa-tarde, Sr. Presidente, Ver. Adeli
Sell; Sras Vereadoras
e Srs. Vereadores, minha saudação a todos que nos acompanham nesta tarde pela
TVCâmara. Antes de eu começar a fazer este pequeno discurso, gostaria de dizer
que fiz uma grande viagem até o Paraná, atravessei todo o Oeste, passei pela
Cidade do nosso Presidente e fui até Cascavel. Gente, é lamentável, eu não sei
a quem pedir, a quem gritar pelo que está acontecendo com os nossos jovens nas
estradas! Nós estamos perdendo muitos jovens. Os pais ficam achando que os
filhos vão voltar, mas as estradas os engolem. Os nossos filhos vão para Capão
da Canoa fazer um passeio, e, às vezes, a Estrada do Mar fica com eles. Então,
eu não sei a qual autoridade pedir. Pelo amor de Deus, isso tem que ter um
basta! A gente fala muito na droga, no álcool, mas a estrada está matando os
nossos jovens dentro dos carros; eles estão se escondendo dentro dos carros e
não voltando para a família. Espero que todos tenham passado um bom feriado de
Páscoa ao lado de seus familiares e amigos, espero que esse dia tenha sido de
muita paz, principalmente de reflexão sobre a vida, que é o nosso maior bem.
Justamente
por acreditar que a vida é o nosso maior bem é que eu não poderia deixar de
registrar aqui a minha tristeza e preocupação com a violência nas nossas
estradas nesse feriadão. Infelizmente, as mortes no trânsito, nesta Páscoa,
superaram as do carnaval. O carnaval dura quase seis dias; a Páscoa, dois dias,
e o número de mortes foi superior. Isso é incrível! Como deve ser doloroso para
um pai e para uma mãe não ver o seu filho voltar para casa. Não quero julgar e
nem levantar culpados pelos trágicos acidentes que ocorrem em nossas estradas,
mas apenas desabafar e propor uma reflexão sobre esse problema público que preocupa
todos nós, principalmente os pais. Colocar-se no lugar dos outros é um
exercício de cidadania e de solidariedade, mas, se eu pudesse deixar um recado
aos nossos jovens, eu diria: não tenham pressa de dirigir, pensem que vocês têm
uma vida inteira pela frente, uma vida maravilhosa para viver junto com os seus
familiares. Vocês são o futuro do nosso Brasil, desde os “baixinhos” até os
nossos jovens. Os seus pais, amigos e sociedade querem vocês de volta vivos e
com saúde.
Também
aproveito este momento para falar sobre a imensa alegria que tive dias atrás.
Fui convidado a participar da inauguração de uma escolinha de futebol na Ponta
Grossa, bairro em que trabalhei por quatro anos, ensinando dezenas de crianças
não só a jogar bola, mas também dando lições de cidadania. O que eu faço com
essas crianças não é criar craques. Volto a repetir: não é fabricar jogadores
de futebol - eu não crio jogadores de futebol -, eu tento formar cidadãos, para
que essas crianças tenham condições, amanhã, de disputar com todo o mundo de
igual para igual e de ser grandes cidadãos.
Eu
me sinto orgulhoso e realizado em poder apoiar mais um projeto que vai
beneficiar centenas de crianças em nossa Capital. Elas frequentarão a escolinha
de futebol no turno inverso ao da escola e, para garantir a participação, terão
que comprovar frequência escolar. Eu sempre apoiarei iniciativas que usem o
esporte como forma de inclusão social. Esse foi o compromisso que assumi quando
me elegi. Acredito e defendo isso, porque o esporte não é apenas competição; o
esporte trabalha a solidariedade, o respeito e, principalmente, a disciplina.
Falando
em Educação, na tarde de hoje, o grupo de trabalho criado pela CECE está
realizando o seu segundo encontro para tratar da Lei nº 11.700, que prevê a
garantia de vaga para a Educação Infantil em escolas públicas a todas as
crianças a partir de quatros anos de idade. Quero deixar registrado aqui o
quanto quero que esta lei, de autoria do nosso companheiro Senador Cristovam
Buarque, avance em Porto Alegre. Inúmeras crianças podem ser beneficiadas na
Capital, principalmente aquelas de famílias mais carentes. Afinal, esses pais
precisam de algum lugar para deixar seus filhos enquanto vão trabalhar, eles
não podem esperar que as crianças completem seis anos de idade para ingressar
no primeiro ano do Ensino Fundamental. Sabemos que existem algumas dificuldades
para a aplicação da lei, Verª Juliana, pois, para isso, a Prefeitura terá que
construir mais escolas, contratar novos professores - uma série de ações que necessitará
de recursos financeiros. Mas eu acredito que, se o Poder Público tiver boa
vontade e as discussões sobre esse assunto continuarem evoluindo, chegaremos a
uma solução.
Encerro
dizendo, Sr. Presidente: ajude esta voz aqui dentro, pelos nossos jovens, por
essas crianças, porque os pais têm que trabalhar, elas têm que estar no
colégio, têm que estar praticando a cidadania, a disciplina e educação.
Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Engenheiro Comassetto
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Ver.
Adeli Sell, na presidência dos trabalhos, colegas Vereadores e Vereadoras,
senhoras e senhores, hoje se inicia o processo do Orçamento Participativo - uma
afirmação do processo da democracia participativa que iniciou os seus trabalhos
há vinte anos e que credenciou Porto Alegre como uma marca no cenário mundial:
berço da democracia participativa.
Quero
trazer um dado e deixá-lo gravado nesta Casa no dia em que se inicia a rodada
do Orçamento Participativo, de uma nova gestão do Prefeito Fogaça, Ver. Toni:
na gestão passada, das 899 demandas priorizadas nos últimos quatro anos,
somente 360 foram executadas até agora, Paulinho Ruben Berta; do total das
demandas do OP que foram conquistadas pela comunidade, somente 40% foram
executadas. E do ano de 2008 só foram concluídas 22 demandas das 170 definidas
pela população. Portanto, Ver. Ervino, o Orçamento Participativo não é somente
para ser elogiado na tribuna; é para ser executado, conforme determina a busca,
o trabalho das comunidades. Eu quero fazer este registro porque hoje se inicia
o processo do Orçamento Participativo, e o Governo Fogaça vem tratando com
descaso esse processo, não na sua afirmação política, mas na realização, na
prática: das 899 obras decididas nos últimos quatro anos, somente 40% foram
executadas, ou seja, em torno de 360 obras.
Quero voltar ao tema do Governo Federal,
especificamente para o recém-lançamento do Programa Habitacional do Governo
Federal: Minha Casa, Minha Vida, que destina 34 bilhões de reais para aplicação
imediata na economia brasileira. Ele tem por objetivo atacar e atingir um
conjunto de problemas; atacar e atingir, também, o coração da crise que abala o
mundo, e que o Brasil saiu na frente, aquecendo a sua economia interna. No
momento em que propõe 34 bilhões de reais para construção de um milhão de
moradias propicia o aquecimento da cadeia da construção civil; propõe aquecer a
mão-de-obra, que é uma das mais numerosas do País. No momento em que apostamos
na construção civil e na casa própria, estamos apostando na cadeia da
construção civil, na fábrica de cerâmica, na fábrica de cimento, na fábrica de
tinta, na fábrica de ferro, na fábrica de equipamentos hidráulicos, na fábrica
de material elétrico, na telefonia, na pavimentação, no saneamento básico e,
com isso, aquecemos a economia interna. Esse dinheiro está disponível aqui na
Caixa Econômica Federal. Agora, o Município tem que fazer a sua parte, Ver.
Pujol, e, se não a fizer, ficará fora dessa agenda.
Eu
venho insistindo nesta tribuna... E, em nome da nossa Bancada, a do Partido dos
Trabalhadores, quero dizer que é mais um projeto acertado do Presidente Lula. É
por essas e outras razões que hoje ele é reconhecido, mundialmente, como uma
liderança, e o Brasil, sim, dá-se o luxo de dizer ao FMI: “Podemos estender
recursos para socorrer outras economias emergentes que não tiveram esse mesmo
olhar do Fundo Monetário Internacional”. Para aqueles que só criticam, têm que
entender o sinal: o que significa o Brasil propor 4,5 bilhões de dólares ao
FMI? Será a atração de milhares de investidores internacionais que olham para o
Brasil e que virão para cá fazer os seus investimentos. Portanto, neste momento
da crise mundial, temos uma certeza absoluta: o Brasil sai da crise melhor do
que os países que já estiveram no cenário mundial muito melhores do que ele,
graças a uma política desenvolvida pelo nosso Governo Federal, capitaneada pelo
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Falei em nome da Bancada do Partido dos
Trabalhadores. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Waldir Canal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. WALDIR CANAL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, público que nos assiste, eu protocolei nesta Casa
alguns Projetos e gostaria de falar a respeito deles, sendo que a maioria é a
favor dos idosos, em favor da integração das pessoas que estão nessa fase da
vida, acumulando muita experiência, sabedoria. E muitas delas estão precisando
de saúde; outras precisando não apenas de um tratamento de saúde, mas de se
sentirem útil à sociedade e, da mesma maneira, buscam complementar as suas
rendas. Nós sabemos que as pessoas neste País trabalham e se acostumam com um
padrão de vida, e, quando se aposentam, o padrão de muitas cai, a aposentadoria
vai lá embaixo, junto com seu padrão de vida.
Um
dos Projetos nessa linha de que eu gostaria de falar é simples: os idosos, as
pessoas que querem, de alguma maneira, com as suas experiências, ajudar os
jovens, as crianças podem, conforme a seleção feita pelo Poder Público, o fazer
nas escolas, chama-se: Programa Vovô Sabe Tudo. Como é esse Programa? Ele é um
Programa no qual nós estamos indicando, solicitando que o Poder Público
aproveite a experiência que os idosos têm para transmitir valores morais,
experiência de vida, educação, e isso não é uma coisa nova. Em muitos países e
em muitos Estados do nosso País afora, isso já acontece, e estabelecem uma
ajuda de custo, um valor, para que esses idosos possam auxiliar, complementar
suas rendas e ajudar na formação das nossas crianças e dos adolescentes.
Basicamente, é este o propósito: ajudar, inserir na sociedade os idosos, que
muitas vezes estão ali cheios de vida, cheios de experiência, e não têm uma
oportunidade de colaborar com a educação das nossas crianças.
O
outro Projeto trata da regulamentação do art. 16 do Estatuto do Idoso. Muitos
são os idosos que são levados para os hospitais, e, muitas vezes, eles não têm
a confiança, a coragem de ficar sozinhos num quarto de hospital, para um
atendimento que, às vezes, há necessidade de passar a noite ou até uma semana.
E o Estatuto do Idoso prevê que ele tem direito a um acompanhante enquanto
estiver internado. Só que as instituições e os hospitais públicos e privados,
muitas vezes, não esclarecem esse direito. Já acompanhei vários casos de idosos
que têm medo de ficar sozinhos, sem a companhia de um familiar, de um filho, da
esposa, sei lá, de alguém que lhes traga conforto na hora da doença, na hora de
um tratamento médico, de uma cirurgia, enfim, e os hospitais, muitos deles, não
esclarecem, não dão acesso a esse direito. Então, o Projeto prevê que esse
direito fique afixado; que esse artigo da lei fique exposto, para que as
pessoas tomem conhecimento dele, porque é um direito delas, isso é possível. Se
algum diretor, se alguém quiser impedir que o acompanhante esteja ali, não
poderá fazer isso, porque o Estatuto do Idoso está aí para ser cumprido. Esse é
um artigo importante, nós precisamos regulamentá-lo no nosso Município, para
que os idosos tenham um tratamento digno na sua recuperação.
Teria
outros Projetos a comentar, mas o meu tempo se esgotou. Agradeço a oportunidade
em nome da Bancada do PRB. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
O Ver. Paulinho Ruben Berta está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. PAULINHO RUBEN BERTA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras; quem nos assiste na TVCâmara, quem nos escuta
pela Rádio Câmara e quem nos assiste aqui no Plenário: eu sou fruto e venho do
movimento comunitário da Região Norte, Eixo Baltazar, de Porto Alegre. Por mais
de quinze anos venho participando do Orçamento Participativo na minha Região,
mobilizando, pressionando, lutando, principalmente porque o Orçamento
Participativo se dá nos meses de frio, de chuva, no inverno. Muitas conquistas
já obtivemos pelo Orçamento Participativo para aquela Região, mas outras não
saíram do papel.
E
eu quero dar um exemplo muito prático aqui: o Ver. Comassetto trouxe a questão
Orçamento Participativo a esta tribuna, e eu quero dizer que o Conjunto
Residencial Rubem Berta, que tem mais de 35 mil habitantes, tem uma Unidade de
Saúde que consegue atender no máximo 30% da sua comunidade; não tem sequer uma
equipe do PSF para auxiliar aqueles profissionais da Saúde lá, para que eles
não enfrentem tanta população. Uma Unidade de Saúde que tem sob sua
responsabilidade mais de trinta mil pessoas só tem que bater de frente com a
população - e aí começam a vir à tona dificuldades, muitas dificuldades, como a
do atendente com o cliente, com o paciente. Mas não adianta forçar, porque a
Unidade de Saúde não tem estrutura suficiente para atender trinta mil pessoas.
Só que lá dentro do caderno do Orçamento Participativo está priorizada, Ver.
Todeschini, uma Unidade de Saúde chamada PSF, o Programa de Saúde da Família,
que - o senhor me desculpe - foi conquistada lá no seu Governo, em 1998, e até
hoje não saiu do papel. E eu vou ser honesto com o senhor: um dos motivos de
ter lutado tanto para mudar é por causa dessa equipe de PSF, não por minha
causa. E até hoje não saiu do papel.
Mas
não é só a equipe do PSF que não saiu do papel. Nós temos lá o Núcleo 18, onde
casas estão quase sendo soterradas, tem gente arriscando a vida - está dentro
do caderno do Orçamento Participativo. Nós temos o Núcleo 31: 150 metros de
asfalto - está dentro do caderno do Orçamento Participativo. Mas agora pasmem:
há uma rua chamada Madre Teresa de Calcutá, que foi conquistada no Orçamento
Participativo; a extensão dela era de 600 metros, e foram feitos 500 metros;
para os outros 100 metros que faltam foi feita toda a base, toda ela: o esgoto
pluvial, o cloacal, a pavimentação, a estrutura toda. O que falta para concluir
a rua? Somente a capa de asfalto! E faz quatro anos que eu venho lutando para
que coloquem essa camada de asfalto. Pasmem em relação a outra coisa que agora
parece que é moda na Cidade: só sai asfalto se a população der os cordões e o
encanamento. Isso é lamentável! Principalmente para quem paga IPTU. As pessoas
não querem mais participar do Orçamento Participativo porque estão
desacreditando dele, porque as obras não se realizam.
Aproveito
- o meu tempo está terminando - para convidar todos os Vereadores, todas as
Vereadoras, todos os que queiram nos acompanhar para uma caminhada com o
Presidente da Câmara na sexta-feira, dia 17, às 15h, para que nós possamos
constatar o caos que está virando o Rubem Berta, a maneira como está o Bairro.
Depois, dizer que a cidade está mais violenta se torna muito fácil. Quando as
praças estão ocupadas, as ruas estão ocupadas, onde não se tem investimento na
área social, não se gera renda, não se gera emprego, não se gera trabalho, só
podemos esperar uma coisa, minha gente, é o que realmente as pessoas estão dizendo
lá: o nosso Bairro está virando uma favela. Então, eu convido todos os senhores
e senhoras, Vereadores e Vereadoras, todos para, na sexta-feira, às 15h, irmos
até o Rubem Berta fazer essa caminhada.
Por
outro lado, o Rubem Berta vai mostrar também o que tem feito de bom: a
construção do restaurante-escola; geração de emprego e renda, através da
pintura dos blocos a 25 reais; os custos de Informática em parceria com a Dell
e a Fundação Pensamento Digital; a rádio comunitária, conquistada com muita luta;
o cuidado com as crianças. Nós iremos mostrar tudo isso que é feito pela
comunidade, porque é uma comunidade muito guerreira, uma comunidade que
resistiu com unhas de dentes e foi vitoriosa na ocupação de 1987; ela vai
mostrar mais uma vez que não vai se curvar e que não vai se trocar por pouco.
Quer
os seus direitos respeitados! Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Beto Moesch está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
Eu
falei do Código, Ver. Todeschini, porque este Projeto de Lei, que tem muito
mérito, o dos biocombustíveis, também está previsto no Código Municipal do Meio
Ambiente, assim como vários outros quesitos, como as Áreas de Preservação
Permanente, só para falar de outro assunto, em áreas já habitadas, com a
questão de uso racional da água. Enfim, porque é um Código. É importante;
quando temos uma oportunidade para contextualizar, nós temos que contextualizar.
Há um Código para isso, para evitar as chamadas leis específicas - importantes,
mas que poderiam estar num determinado local. E o que acontece, Ver. Brasinha?
O Vereador que tem uma ideia muito boa, importantíssima, não tem como esperar
essa contextualização. Não tem como. E, muitas vezes, tem que pedir Regime de
Urgência, porque vê o seu Projeto, não parado, mas tramitando de forma talvez
desinteressada ou burocrática.
Portanto,
nós vamos agora debater novamente o Projeto dos biocombustíveis para colocá-lo
dentro de um contexto, o do diesel
50, que o Rio de Janeiro e São Paulo já usam: um diesel com dez vezes menos enxofre do que o convencional e que a
Refap precisa produzir, e não produz ainda. Vamos trazer ao debate o que está
também tramitando, o Plano Cicloviário, para fazermos um trabalho de melhoria
da qualidade do ar e um combate às mudanças climáticas, o que também foi pauta,
casualmente, da COSMAM na última reunião. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O
Ver. Alceu Brasinha está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ALCEU BRASINHA: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; eu venho mais uma vez a esta tribuna... Ver. Toni
Proença, o senhor já me olhou e disse: “O Brasinha já vai falar do Carrefour”.
Com certeza, se eu tiver que vir aqui trezentas vezes falar, eu vou falar do
Carrefour, porque o Carrefour é uma empresa gigante; eles podem tudo, e os
pequenos não podem nada. É isso, meu amigo. É fácil bater nos pequenos;
discursa para os grandes e bate nos pequenos. Eu quero ver é discursar para os
pequenos e bater nos grandes, isso sim.
Ver.
Oliboni, eu defendo o pequeno empresário, o médio e o micro, e a gente sabe da
dificuldade em que as pessoas vivem. Ver. Tarciso, o senhor também sabe da dificuldade
que aquele pequeno empresário lá na vila sofre para se manter, e aí vêm os
poderosos e fazem o que querem. Eu acho - eu gostaria de dizer, novamente, Ver.
Adeli - que o Carrefour e o Big fazem mal para a Cidade, fazem mal para tudo,
mas também quero dizer que não sou o dono da verdade, Ver. Comassetto, pois, se
cada um de nós tivesse o mesmo pensamento, teríamos o mesmo discurso, e não é
assim. Imagine se todo mundo que olhasse para o Tarciso quisesse ser atacante
de futebol... Não é assim.
Veja
bem, Ver. Adeli, está se instalando mais um Nacional na Av. Plínio Brasil
Milano. Veja o senhor, tem um Carrefour na Plínio, tem um Zaffari na Plínio, e
agora vem um Nacional na metade da descida, para complicar ainda mais a
situação, porque podem ter certeza absoluta de que eles não vão dar emprego
ali, vão dar muito pouco emprego. Tinha uma cancha de futebol de salão ali,
várias pessoas sobreviviam daquilo ali, Ver. Raul, havia professores,
escolinha, tinha tudo. Eu garanto que - se pegássemos todas aquelas pessoas que
sobreviviam daquele local ali - dava mais emprego do que esse Nacional vai dar
lá; tenho certeza absoluta, porque eles não querem dar emprego, eles botam e
fazem o cliente trabalhar para eles. Eu nunca vi, tu chegas no supermercado e
tens que empacotar, Juliana, tens que chegar e empacotar; tu vais ao Zaffari, e
lá eles empacotam, tu és bem tratado, levam a tua mercadoria até o carro.
Portanto, se querem dar emprego, façam como esse supermercado grande faz, o
Zaffari, porque esse, sim, tem qualidade, tem dignidade e tem trabalho, eles
não ficam explorando as pessoas, eles ajudam, eles dão emprego, mas Carrefour e
Big vêm só para terminar, e o empreendimento deles vem lá do outro lado do
mundo.
Eu quero ver nós defendermos aqui o empreendedor
que é daqui de Porto Alegre, aquele que teve coragem, há trinta ou quarenta
anos, de começar a sua pequena empresa, quem sabe uma fruteira? Aí vêm os
grandões, tomam conta de tudo aqui, botam propaganda, botam mídia e terminam
com tudo, Ver. Ismael. Como é difícil sobreviver no meio da selva, no meio dos
leões, porque são poderosos. Eles avançam e vão triturando os pequenos, vão
avançando e terminando. Daqui a pouco nós não vamos ter mais empregos. O
emprego está cada vez mais difícil em Porto Alegre, porque essas grandes
empresas vêm aqui para terminar e não para aumentar o número de empregos. Uma
empresa familiar, pequena, dá emprego para o filho, o genro, o sogro, a sogra,
ou seja, a família trabalha na empresa. Eu aqui, por exemplo, com quase 47
anos, vou querer um emprego no Carrefour; eles não vão me dar, Ver. Toni
Proença. E mais ainda: eles são preconceituosos, eles não valorizam pessoas com
experiência. Eles são preconceituosos em tudo, porque não aceitam Banricompras,
não parcelam com Banricompras. Se é bom para Porto Alegre, por que eles não
parcelam? Eu não sou defensor de bancos, eu não sou o Ver. João Carlos Nedel.
Mas quero dizer que, se é para aceitar, então o Banrisul deveria também ter
parcelamento. Por que não pode? Com os outros cartões pode. Temos que
dificultar e mandar esses caras embora. Peguem a mala deles e os mandem embora!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Aldacir
José Oliboni está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, público que nos assiste pelo Canal 16, inicialmente eu
gostaria de fazer um apelo à Mesa Diretora, nobre Ver. Toni Proença e Ver.
Adeli Sell, que estão aqui. O nobre colega Ver. DJ Cassiá e este Vereador
encaminhamos o pedido de uma viagem a Brasília sobre a escola do Partenon e não
sobre a Escola Técnica da Restinga. Portanto, esperamos que a Mesa Diretora
procure nos informar detalhadamente sobre o nosso Requerimento. A agenda está marcada para
quinta-feira, às 14h, e não tem como perdermos esse momento tão oportuno para
trazermos mais uma escola técnica para o Partenon, em nome da Casa, inclusive,
com o acordo firmado aqui.
Um
dos assuntos mais importantes que eu acredito que dialoga com a Cidade é o
Orçamento Participativo, cujas plenárias começam hoje em Porto Alegre. São
exatamente nas discussões das temáticas - hoje, se não me engano, é sobre
esporte e lazer - que as comunidades se manifestam e priorizam suas obras.
Percebemos que o Governo Fogaça, das 899 demandas priorizadas nos últimos
quatro anos, somente executou 360. Portanto, 40% das obras demandadas pelas
comunidades! Em 2008, das 170 demandas priorizadas pela população, só foram
concluídas 22. Se nós temos uma ferramenta, na verdade ela é para funcionar,
para a comunidade dialogar com o Poder Público. E está demonstrado claramente
aqui que o Governo Fogaça não manteve o Orçamento Participativo como dizia lá
na primeira eleição.
Com
certeza, a partir de hoje à noite, quando esse debate voltará à plenária, no
auditório Dante Barone, na Assembleia Legislativa, haverá a demonstração da
insatisfação da população com relação a essas obras não executadas. E não é por
acaso que o Ver. Paulinho Ruben Berta esteve aqui falando especificamente da
sua comunidade. Muitas outras lideranças estarão falando hoje à noite, amanhã e
assim por diante sobre as obras não executadas. Eu acredito que a Câmara de
Vereadores pode muito bem, quando receber a Peça Orçamentária, garantir
primeiro as obras do OP. Onde as lideranças estão sendo atendidas? E nós
estamos no dia-a-dia apoiando esse movimento comunitário, essas lideranças
comunitárias, dizendo qual é a rua que tem que ser pavimentada, dizendo qual é
a creche que tem que ser executada, qual é o PSF que não foi feito e dizendo
qual lâmpada não foi trocada. Não estão sendo atendidas. Porque senão é muito
fácil um Vereador destinar um projeto de lei específico para uma pavimentação
de rua. Isso foi feito no passado, quando as comunidades que tinham assento
aqui, com alguns Vereadores, faziam isso. Depois que se mudou a lógica da
distribuição de recursos para obras, o que não é mais prerrogativa de Vereador,
é que de fato se criou esse movimento, vamos dizer assim, legítimo, de a
comunidade dizer o que ela quer.
Então, independente de qual seja o Governo, o
Orçamento Participativo veio para ficar, e, vindo para ficar, ele só fica se de
fato a comunidade for ouvida, atendida. E o que a gente percebeu aqui é que,
das 899 obras demandadas nos últimos quatro anos, somente 360 foram executadas.
Portanto, 40% das obras demandadas foram feitas. Esperamos que o Executivo se
agilize, porque a Câmara vai cobrar a não execução dessas obras.
Nesse sentido queremos aqui, em nome da Bancada do
PT, demonstrar e participar. Inclusive estaremos lá não só mobilizados com a
comunidade, mas de uma certa forma cobrando - como a comunidade fará hoje e nas
outras plenárias - a execução das obras do OP. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): A Verª
Fernanda Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Sras Vereadoras,
Srs. Vereadores, público que nos assiste, de fato estamos vendo a não execução
daquilo que foi votado no Orçamento Participativo: mais de 60% das obras e
melhorias demandadas pelas regiões das Cidade não foram executadas. Primeiro é
importante ressaltar a luta que as comunidades têm que fazer: a luta para
mobilizar, a luta para unir as pessoas e, a partir das plenárias, votar a
demanda da sua região. Isso é um desrespeito com aqueles que lutam, com aqueles
das comunidades que batalham pelas demandas específicas de cada região. Em
segundo lugar, é um desrespeito, porque muitas vezes cabe à comunidade disputar
com as outras comunidades aquilo que deveria ser obrigação do Executivo e dos
governantes. É o problema da creche, por exemplo, na Vila Ipê/São Borja, é uma
vila em que não existe nenhuma escola de Educação Infantil, e, se a comunidade
não se mobilizasse para disputar no Orçamento Participativo, ela não teria
garantia de nenhum local adequado para que as mães pudessem deixar os filhos. É
o problema do posto de saúde no Rubem Berta, a gente sabe que as pessoas
amanhecem na fila do Posto de Saúde; e, para garantir o que deveria ser
obrigação do Executivo, elas têm que demandar no Orçamento Participativo.
O problema dos trabalhadores do aterro norte, um
galpão de reciclagem público, trabalhadores que prestam um dos serviços mais
importantes, talvez, para a sociedade, que é reciclar o nosso lixo de casa, que
é pegar aquela latinha, o copo plástico e transformar em material reutilizável
depois. Eles vendem, fazem o trabalho brutal de ir separando, um trabalho
manual que muitas vezes se dá de maneira precária. E digo para vocês: o galpão
está com o telhado lascado, a prensa utilizada é de outra voltagem, não a do
espaço do galpão. Há o problema do banheiro, que não está construído, algo que
demandaram no Orçamento Participativo em 2003 e até hoje não foi executado.
Enquanto isso os trabalhadores continuam na insalubridade, apesar de terem
mobilizado centenas de pessoas pelas suas demandas.
Então, esse é um problema, uma lógica que se vê no
conjunto, é uma lógica que se vê geral: aquilo que deveria ser compromisso,
obrigação - porque é direito fundamental, está na Carta Magna, na Constituição
Federal -, que é a Educação, é o Sistema Único de Saúde de qualidade, estamos
vendo sendo rasgado. Não só não está sendo garantido pelo Município, como está
sendo colocado para ser disputado com outras demandas de outras regiões: as
comunidades ficam brigando para tentar aprovar a sua demanda, enquanto isso
eles lavam as mãos para os problemas sociais.
Neste tempo de Comunicação de Líder, quero
registrar mais dois fatos desta semana, fatos preocupantes: aqueles que leram
os jornais do fim de semana viram o triste caso da epidemia do crack que
toma conta da nossa Cidade, que toma conta do nosso Estado. Até quando nós
vamos ver os jovens sendo tomados pelo crack, jogados no colo da
criminalidade, no colo de uma empresa capitalista que se chama narcotráfico, em
que as mães acorrentam seus filhos, ou como nessa tragédia que aconteceu nesta
semana, disparam o gatilho? Porque a droga, todos sabem, muda a cabeça das
pessoas e as coloca numa situação de desespero, de dependência, em que
violentam inclusive os familiares. Até quando nós vamos ter de ler isso nas
páginas dos jornais, vamos ter de ver pela Cidade o desespero das mães e dos
pais com esses casos da dependência do crack, e nada ser feito pelo
Município? E, aí, não é só um problema de retirar do convívio social, como
temos visto por aí algumas teorias; é um problema de incentivar os Centros de
Atenção Psicossocial, que trabalham a reintegração dos dependentes químicos, o
CAPSad, através de uma perspectiva integrada da Saúde, utilizando e valorizando
os profissionais de todas as áreas. Essa é uma batalha, é uma causa que eu acho
que tem de ser de toda a sociedade, para a qual eu penso que vamos precisar de
muita força para batalhar, por um lado, por investimento, por cultura, por
educação, por trabalho, para não permitir jogar a juventude no colo da droga e
da criminalidade, e, por outro, por uma política social, política de saúde
efetiva, para que não tenhamos de ver essas lástimas que todos os dias aparecem
no jornal. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver.
Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr.
Presidente, Ver. Adeli Sell; Vereadores e Vereadoras. Eu preciso da câmera aqui
pertinho, pois quero falar de hipocrisia. Não sei se alcança aqui, vou esperar
o nosso operador chegar, para eu mostrar algumas coisinhas, sobre a repercussão
de um fato banal que aconteceu comigo sábado à noite, por volta das 21 horas.
Eu estava jogando bingo, coisa que eu sempre fiz. Eu não fujo da raia, eu não
faço nada escondido na minha vida e vou continuar fazendo aquilo que eu achar
que devo fazer, vocês podem ter absoluta certeza disso! Hipocrisia é isto aqui
(Mostra cartão de apostas.): “Caixa Econômica Federal: Mega-Sena”, que vai
pagar 14 milhões e arrecadou 100 milhões de reais. Onde é que está a diferença
disso aqui? Para onde vai esse dinheiro? (Lê.) “Governo Federal: Quina,
Concurso 2039; Governo Federal: Lotomania, Concurso 922; Governo Federal:
Timemania, Concurso 59.” E aqui ainda vem a Federal, a extração, deu na cabeça
887, para quem jogou no bicho. É hipocrisia! Jogo do Bicho! Está aqui o
papelzinho, é o número do meu gabinete: 224. Eu jogo no Bicho, já peguei
algumas vezes.
Eu não faço, eu não uso da hipocrisia, eu sou
claro, sou transparente e, às vezes, até errado, mas não fujo de nada. Para quem não conhece, isto aqui é um
cartãozinho da Mega-Sena, com a qual o Governo fatura horrores. (Mostra cartão
de apostas.) Está acumulado em 14 bilhões e arrecadou mais de 110 milhões! Para
onde vai esse dinheiro!? Para o Fundo Monetário Internacional, com dinheiro
emprestado, que é meu, um dinheiro que é nosso. O Lula emprestou para o Fundo
Monetário Internacional 4,5 bilhões de dólares, fazendo cartaz com o chapéu dos
outros, porque o dinheiro é meu! Se eu tiver condições de entrar na Justiça,
vou entrar para embargar esse empréstimo. Coitadinho de mim, né?! Se eu pudesse
fazer isso. Como é que vai emprestar se está com as calças na mão, se as nossas
crianças...
(Aparte
antirregimental.)
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Ah! Não está, Ver. Todeschini, não está!
Ridículo! Não quero discutir com o senhor.
O
Governo Federal poderia ver as crianças que estão no meio do cocô, essas
crianças que estão entrando no crack, os aviõezinhos do tráfico. Com 4,5
bilhões de dólares se poderia fazer muita coisa, sim, neste País! Este aqui que
é o crime (Mostra cartão de apostas.): bingo!
O
pior: eu quero saber quem é que vai devolver os dois reais que paguei da minha
série?! Estava jogando, e a Brigada Militar chegou - e eu estava pifado pelo
número 80. Quem é que vai pagar os dois reais?! Numa boa, eu não tenho nada a
esconder de ninguém. Agora, não vou ser doutrinado pela RBS. Ah, não vou...!
Não vai me ligar para minha casa às oito e meia, e eu me preparando para
trabalhar à noite, e dar entrevista para a Rádio Gaúcha, não vai levar! Mas não
vão levar. Eles deviam me conhecer, estive lá por 17 anos, será que ainda não
sabem como eu sou? O que é isso?! No Teledomingo, disseram que me ligaram, e
que eu não quis dar entrevista. Mentirosos! Mentirosa a produção do
Teledomingo, nem sei quem é, não me ligaram; se me ligassem, eu ia falar isso:
“Vocês vão me dar os dois pilas para cobrir o prejuízo que tive da cartela?”
Então,
volto ao assunto. Estava eu no bingo, chegou a Brigada Militar - o Tenente, um
Cabo e dois Soldados. Chegaram calmos, como sempre deve chegar a Brigada
Militar. Perguntaram: “O senhor está aí também?” Eu disse: “Não, aqui está o
boneco da minha campanha”. Como “o senhor está aí também!”? “Estou aqui, sim.”,
“Mas e aí?”, “Aí, o quê? Eu pedi dinheiro para o senhor para vir jogar aqui?
Não pedi. Eu não pedi dinheiro para nenhum Diretor da RBS para jogar aqui, não,
não.” Se eu sou Legislador e faço leis, tenho, sim, que cumprir as leis, mas
não uma lei como essa, e eu disse aqui para os senhores: é uma hipocrisia! Esse
é o bingo, mas aqui está a Mega-Sena (Mostra cartão de apostas.) Aqui está uma
tira de todo o cassino a céu aberto que o Governo Federal banca; aqui está o
jogo do bicho, que é aberto em todas as lotéricas do Rio Grande do Sul e do
Brasil. Então, onde está o erro?
Aí
eu leio o seguinte (Lê.): “Caro Haroldo, acabei de assistir, enojado, à notícia
da RBS envolvendo teu nome. Independente de qualquer julgamento, relativo ou
não à tua condição de homem público, receba meu abraço solidário”. Ele lembrou
a velha fábula da serpente e o vaga-lume - essa eu não entendi. Despediu-se com
um grande abraço, Sindicato dos Jornalistas de Santa Maria da Boca do Monte.
Outra: “Alô, Magrão! Obtive notícia desagradável de V. Exª neste final de
semana. Como explicas este ato, Vereador? Atenção! Ângelo”. Podia ter colocado
teu telefone, já expliquei como foi e vou continuar, não tenha dúvida disso.
Mais um e-mail: “Estou solidário com
você. Chega de hipocrisia. Evaristo”. E tenho também um e-mail da Ametrabin - Associação Metropolitana de Trabalhadores em
Bingo.
E
é aí que quero me deter por apenas trinta segundos, com a aquiescência da Mesa.
Não existe lavagem de dinheiro para o bom empresário. Dos bingos de Porto
Alegre, eu cito dois que funcionavam e não lavavam dinheiro: o Mega Bingo e o
Bingo Alfândega. Mais de quatro mil pessoas perderam emprego no Rio Grande do
Sul e mais de oitenta mil no País. Média de idade das pessoas que jogam bingo:
setenta anos! Vejam só: setentinha, setenta anos! São todos eles
irresponsáveis? Mas como? As leis são feitas para serem cumpridas, mas também
para serem alteradas quando necessário, e o bingo é necessário, sim, neste
País, vamos parar de hipocrisia! Não só o bingo, mas também o cassino! Porque o
porto-alegrense, o carioca, o paulista, o mineiro viajam para Punta Del Este,
para Assunção ou vão para Las Vegas para gastar dinheiro lá; deixam o nosso
dinheiro lá, e nós não temos oportunidade de aqui receber o dinheiro dos
turistas para jogar.
Vocês,
que formam os 6 mil e 375 votos que eu recebi na última eleição, tenham certeza
de uma coisa: vocês não apostaram errado. Eu posso errar, mas eu sou
transparente e estou em defesa do jogo, sim! Bingo, para ontem; cassino, para
ontem! O resto é hipocrisia, e quem quiser fazer assim que faça, cada um faz a
sua vida do jeito que bem entende. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Ismael Heinen está com a palavra para uma Comunicação de Líder. É muita
satisfação reencontrá-lo aqui, Vereador.
O
SR. ISMAEL HEINEN: Exmo
Sr. Presidente desta Casa, Ver. Sebastião Melo, é um prazer estar aqui sob o
comando de V. Exª, nobre Presidente.
Ver.
Haroldo de Souza, meu amigo, faltou dizer por que e como os bingos foram
fechados neste País: foi por causa de uma gravação de um companheiro de alguém
pedindo financiamento de campanha, para não dizer outras coisas. O Governo
Federal resolveu fechar as casas de bingo em vez de prender a pessoa que estava
cometendo o delito, e a pessoa continua livre e os bingos fechados, não é, Ver.
Luiz Braz?
Mas
venho à tribuna para trazer as coisas boas do nosso Parlamento. Eu fiquei sabendo,
quinta-feira passada, após uma caminhada de duas horas pelo Parque da Redenção,
Ver. Luiz Braz, de uma reportagem de quase uma página no jornal Zero Hora
intitulada “Uma Lei que Deu Certo”: a Lei dos Capacetes, de minha autoria. Foi
uma reportagem de quase uma página, fortuita, porque foi uma lei muito
batalhada para que fosse aprovada, para que fosse sancionada, tivemos que
buscar a vitória inclusive no Tribunal Superior do Estado, porque o Ministério
Público havia arguido a sua inconstitucionalidade, dizendo que o Município não
é responsável por estabelecer leis pela segurança dos cidadãos. Então, essa
lei, que é de nossa autoria, foi sancionada, em prática, na cidade de Porto
Alegre e copiada em muitas cidades deste País: ao parar e descer da sua moto, o
motoqueiro deve tirar o capacete para poder se identificar.
Na
época, eu dizia que a lei seria fiscalizada por si só, mesmo ainda
não-regulamentada. Aliás, mais um dos fatores que vêm a contribuir com o
pronunciamento que fiz sobre a fragilidade dos Parlamentos. Aqui nós aprovamos
as leis, Ver. Oliboni; elas são sancionadas e não são regulamentadas para serem
postas em prática. Essa é uma delas, mas, como os jornalistas disseram, é uma
lei que deu certo, porque já diminuíram os assaltos com o uso dos
capacetes em 30% na nossa Cidade. Falta regulamentação para estipular apenas a
multa. Mas tivemos que percorrer todos os caminhos.
É uma lei que vem justamente favorecer o
trabalhador brasileiro, o frentista de um posto de gasolina, o caixa de uma
farmácia, o caixa de um mercadinho; vem favorecer no sentido de que tenhamos
menos balas perdidas nos assaltos aos postos, seja lá o que for. Isso só para
mostrar o quanto temos que buscar na equivalência dos Poderes, batalharmos por
aquilo que é de direito do legislador deste País, e não apenas baixarmos as
nossas cabeças a medidas provisórias ou a resoluções, fazendo as leis deste
País se fragilizarem, fazendo o Parlamento se comprometer, inclusive chegando a
ousadia de um Senador pedir - repito - um plebiscito para saber se deve
fechar-se ou não o Parlamento neste País. É lamentável.
Agora cabe a nós, nobres colegas, buscarmos essa
transparência, buscarmos essa equivalência dos três Poderes, para aí, sim,
termos uma democracia justa, harmoniosa, perfeita e principalmente, nobre Ver.
Reginaldo Pujol, que me concedeu seu tempo na Liderança do Partido, uma
democracia cada vez mais fortalecida, mais abrangente e serena no nosso País.
Novamente agradeço por esta oportunidade, e queira Deus que os Parlamentos
busquem o espaço devido que a lei lhes faculta. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Luiz
Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Sebastião
Melo; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores.
Ver. Sebastião Melo, eu quero aproveitar esta oportunidade de Liderança do PSDB
para cumprimentar V. Exª, que, muito sabiamente, está fazendo com que esta
Casa, neste processo de revisão do Plano Diretor, possa estabelecer alguns
contatos indispensáveis
quando nós pensamos em fazer uma revisão como essa.
No
passado cometemos o erro, Ver. Valter Nagelstein, de não entrarmos em contato
com as universidades. O Partido dos Trabalhadores, quando no Executivo, fez contato
com as universidades e acabou formulando, para todos nós, diretamente com a
Ritter dos Reis, isso que hoje nós temos aí de Área de Interesse Cultural.
Acredito que não foi um avanço, porque, afinal de contas, aquela Área de
Interesse Cultural foi formulada através de um decreto. Não houve uma discussão
com a Casa, nós não participamos da discussão com a Ritter dos Reis, quando ela
estava discutindo as Áreas de Interesse Cultural. Esse foi o grande erro
estabelecido por aquela Universidade; não por culpa dela, Ver. Mario Manfro,
mas por culpa do Executivo, que, naquela época, queria fazer com que essas
Áreas de Interesse Cultural fossem implantadas através de um decreto.
E,
como foi através de decreto - os decretos terminam nisso -, acabamos fazendo
uma coisa que não foi boa para a Cidade. Então, precisamos agora fazer a
revisão. E nós, do Legislativo, fomos até as universidades, através de um ato
do Presidente da Casa, que foi muito bom, para discutir com elas esse processo
de revisão. E agora, sim, Ver. Valter, nós vamos conseguir discutir não apenas
com a Ritter dos Reis, mas com a Pontifícia Universidade Católica, com o IPA,
com a Universidade Federal esse processo de implantação das Áreas de Interesse
Cultural como ele deve se dar. Se essa Área de Ambiência, que foi formulada
pela Ritter dos Reis - uma área que eu acredito não ter dado em nada, pois
acabou engessando a Cidade -, for discutida de uma forma mais ampla com as
outras universidades, uma discussão acadêmica maior, quem sabe chegaremos a um resultado
melhor para Porto Alegre. O que nós estamos precisando é fazer uma discussão
mais ampla,
não aquela que foi feita no ano passado, quando se levou em consideração apenas
alguns interesses muito localizados; necessitamos de uma discussão mais ampla,
em que se leve realmente em consideração os interesses maiores da Cidade. É
esse registro que nós queremos deixar hoje no tempo de Liderança, uma saudação
a esse acerto da Casa, quando está chamando as universidades para fazer essa
grande discussão.
Ao mesmo tempo gostaria de cumprimentar o meu
amigo Ver. Haroldo de Souza pela sua manifestação na tribuna. Poucos
Parlamentares teriam a coragem de fazer o pronunciamento que o Ver. Haroldo de
Souza fez. Com toda a certeza, Ver. Haroldo de Souza, eu tenho que o
cumprimentar pela sua honestidade, pela sua integridade, pela forma como V. Exª
dirige o seu mandato, porque acredito que essa discussão deve ser ampliada. Não
é justo que as pessoas hoje saiam daqui do Rio Grande do Sul, saiam daqui de
Porto Alegre e se dirijam para Montevidéu, para Punta del Este, para várias
cidades aqui do nosso entorno, levando dinheiro para fora, enquanto nós
poderíamos ter aqui - pelo menos em algumas áreas, não em todas as cidades - o
jogo instalado, para que o dinheiro pudesse ficar aqui mesmo dentro do nosso
Estado. Essa é uma discussão que V. Exª propõe, e infelizmente alguns inimigos
acabaram tratando essa matéria de uma forma não muito boa, mas acho que V. Exª
recolocou a verdade com o seu pronunciamento. Quero cumprimentá-lo.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Dr. Raul
está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.
O
SR. DR. RAUL: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
aqueles que nos assistem, eu venho neste momento de Liderança para trazer uma
homenagem, um reconhecimento da cidade de Porto Alegre ao nosso HPS. O nosso
Hospital de Pronto Socorro está agora, no dia 19 de abril, na próxima semana,
fazendo 65 anos de existência. Fundado em 1944, o HPS se tornou, ao longo do
tempo, uma referência municipal, estadual e até nacional no atendimento da
emergência, da urgência e do trauma. O nosso HPS, na realidade, é a
menina-dos-olhos dos hospitais de Porto Alegre. É ao HPS que recorremos quando
há uma emergência maior, ou mesmo a qualquer atendimento de que precisemos. Eu
mesmo já estive lá como paciente duas ou três vezes, estive como médico, como
estagiário, então tenho uma vivência daquela instituição, tenho muita amizade
com várias pessoas que lá labutam há muitos anos, e não podia deixar de trazer
este reconhecimento ao nosso Hospital de Pronto Socorro.
E
queria fazer uma homenagem muito grande àquelas pessoas, que são em torno de
1.470 funcionários, que dão ao HPS essa cara, esse jeito de trabalhar à
urgência e à emergência. Aquele trabalho que muitas vezes vai além do
dia-a-dia, além da hora extra, é aquela pessoa que se dedica realmente à vida
humana, àquele que tem necessidade premente. No HPS, são feitos em torno de 900
atendimentos diários; são 360 mil atendimentos por ano. Ou seja, nós temos lá
um exército que salva vidas. Essa é a função que o nosso Hospital de Pronto
Socorro vem desempenhando ao longo dos anos com muita competência.
Estamos
empenhados, como Vereadores, como Comissão de Saúde, no sentido de melhorar o
nosso HPS. Estamos definindo algumas ações, inclusive já estamos pautando junto
à COSMAM a vinda de um representante do HPS à Casa, porque precisamos acelerar
o Projeto do QualiSUS, que está em Brasília; um Projeto que vai permitir a
reforma do andar térreo e do 1º andar do Hospital, uma reforma tão necessária,
e a compra de equipamentos mais modernos para essa instituição, que tanto faz
por nós. Então, este Projeto é muito importante. Inclusive, em 2004, se
constituiu a Fundação Pró-HPS. Com que finalidade? A Fundação vem trazendo um
ganho muito grande de capacitação na área pedagógica para aqueles profissionais
da área da Saúde que estão lá no HPS e também está fazendo uma coisa muito
importante, que é buscar recursos externos também, para que haja um projeto
maior de ampliação do nosso Hospital de Pronto Socorro.
Temos
também procurado auxiliar o Hospital na questão dos seus recursos humanos.
Sabemos que a dificuldade vem de muitos anos e se estende; são muitas as aposentadorias,
são muitos os cargos que devem ser preenchidos, e para isso já há processos em
andamento, inclusive deve estar chegando agora à Casa um Projeto de Lei que vai
dotar o HPS de vários cargos, necessários, e nós estamos tentando agilizar o
andamento dessas questões porque sabemos o quanto é urgente e necessário
solucioná-las.
Para
finalizar, gostaria de saudar a nossa OSPA, que fez, no Salão de Atos da UFRGS,
um concerto fantástico em homenagem aos 65 anos do HPS, com a regência de Isaac
Karabtchevsky, que mais uma vez mostrou a sua capacidade. Gostaria de desejar
saúde a todos os envolvidos nesse processo, para todos nós e, especialmente,
continuidade, trabalho e saúde para o nosso Hospital de Pronto Socorro, que faz
agora os seus 65 anos. Esperamos que ele traga muito e muito mais benefícios
para a nossa comunidade!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito
obrigado aos Srs. Vereadores.
Havendo
quórum, passamos à
REQUERIMENTO - VOTAÇÃO
(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ. s/nº – (Proc. Nº 6932/08 – Presidência) – Parecer da Comissão de Constituição e Justiça, em atendimento à
solicitação de proposta de Precedente Legislativo destinada a impedir, ab
initio, a tramitação de projetos, substitutivos e emendas de origem
legislativa que proponham isenções de tarifa de transporte coletivo.
“Parecer: Relator Ver. Valter Nagelstein:
... Diante do exposto, opino pela aprovação do requerimento, fixado o
PRECEDENTE LEGISLATIVO, cujo objeto é a inconstitucionalidade por vício de
origem dos Projetos de Lei de origem do Legislativo que proponham isenção de
tarifa no transporte coletivo de Porto Alegre.”
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
votação Requerimento s/nº de autoria da Presidência - Processo nº 6932/08.
(Pausa.)
O
SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO (Requerimento): Requeiro adiamento de votação do PR nº
112/05, de minha autoria, por uma Sessão.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
votação o Requerimento de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo, que requer
adiamento de votação do PR nº 112/05 por uma Sessão. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
A
Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento s/nº de autoria da Presidência que trata da proposta de precedente
legislativo, cujo objetivo é a inconstitucionalidade, por vício de origem, dos
Projetos de Lei de origem do Legislativo que proponham isenção de tarifa no
transporte coletivo de Porto Alegre.
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA:
Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos
assiste, de fato, foi com grande espanto e alto grau de indignação que
acompanhamos este Requerimento proposto pelos Vereadores que trata do
precedente legislativo. Primeiro, por uma questão bem simples: é mais um ataque
à possibilidade de legislar. Muitas vezes nós, Vereadores, temos o anseio de
legislar acerca de alguns problemas sobre os quais, em via geral, já existe uma
série de impedimentos, sejam a partir do vício de origem, sejam por
determinados elementos que a Procuradoria e a legalidade nos impõem. E,
segundo, pelo tema, que é a questão do transporte coletivo.
É
um problema político considerar inconstitucional qualquer Projeto que trate das
isenções, colocando para responsabilidade do legislador de onde vai sair o
recurso das isenções. O legislador não vai assumir o papel do Executivo e das
próprias empresas ao definir de onde sai o recurso, porque é, na verdade, um
direito. É um direito adquirido através da luta da população: direito que hoje
é garantido aos idosos - depois dos 65 anos, depois de uma vida contribuindo
para previdência -; direito de meio-passe aos estudantes, por uma condição de
ser estudante, portanto de não poder trabalhar; direito aos trabalhadores de
uma vez por mês usarem o sistema de transporte coletivo com isenção.
Casualmente, nesse dia, muitos trabalhadores saem com suas famílias para
passear, porque o custo do transporte coletivo está muito alto em Porto Alegre,
dois reais e trinta centavos - que é o preço da passagem - é um roubo no bolso
do trabalhador.
Quando
se discute a planilha no Comtu, o Conselho Municipal do Transporte Urbano, lá
em janeiro, quando os trabalhadores e estudantes estão de férias, é levada em
consideração a planilha do empresário, a planilha daqueles que lucram com o
direito da população de ir e vir; não se leva em consideração o bolso do
trabalhador, que ganha o salário mínimo, o trabalhador que está perdendo,
porque nós estamos no meio de uma crise econômica mundial, e, no Brasil, em
decorrência disso, já se perderam quase oitocentos mil postos de trabalho, e
isso se reflete também em Porto Alegre.
Quando
se vai discutir a ampliação dos direitos sociais e o direito do transporte
coletivo, aumentando as isenções, o Vereador tem que legislar de onde vai sair
o recurso para as isenções; agora, quando o Prefeito, a Prefeitura e o
Legislativo gastam setecentos mil reais em publicidade em uma semana não é
preciso se discutir nesta Casa! Quando se gastam trinta milhões de reais em
Cargos de Confiança por ano, não se discute aqui! Esse dinheiro faz falta no
Posto de Saúde, faz falta na Educação. Agora, quando é para garantir que alguns
tenham o direito ao transporte coletivo, o Vereador vai ter que legislar de
onde sai o recurso.
Casualmente,
é importante ressaltar que estamos debatendo o transporte coletivo, como bem
diria o Ver. Pedro Ruas, um setor que, quando bem-administrado, obtém lucros
recordes e, quando mal-administrado, obtém lucros recordes também. Nós estamos
debatendo sobre aqueles que aumentaram em 600% o custo da tarifa de ônibus,
quando a inflação não chegou a 300% no período. E estamos debatendo o que está
garantido na Lei Orgânica do Município: o preço da tarifa tem de ser adequado à
possibilidade de a população ir e vir. E eu acho que não se leva em
consideração a vida da população com esse abuso do custo, com o desrespeito que
é o transporte coletivo, com ônibus superlotados e linhas que não passam no
Timbaúva, que não passam na Iha da Pintada. Nós estamos debatendo, como sempre,
sob a lógica dos empresários, para garantir que os impactos da crise não
cheguem às margens dos lucros exorbitantes dos empresários do transporte
coletivo, e, com isso, mais uma vez, a população será penalizada, e os
Vereadores, para legislar sobre o tema, serão penalizados também.
Pois
eu digo para vocês: defendo as isenções, que os direitos se ampliem, porque
meio-passe também tem que ter aos domingos - os desempregados, que não têm
dinheiro para comprar um litro de leite, também não têm dinheiro para pegar o
transporte coletivo. E tem que haver isenção também para a política de quem
procura emprego. Pois que saia do lucro dos empresários, que é de 12%; desses
empresários que surrupiam o dinheiro ganho com o suor dos trabalhadores, da população,
para garantir, assim, as suas exorbitantes taxas de lucro. E é uma pena que a
discussão aqui nesta Casa tenha essa lógica. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Solicito que o Ver. Adeli Sell assuma a presidência dos trabalhos, pois se
trata de matéria da Mesa Diretora.
(O
Ver. Adeli Sell reassume a presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento s/n° de autoria da Presidência (Processo nº 6932/08).
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, acho que esta matéria
tem uma riqueza de debate muito grande. Primeiro, a Casa não está criando o seu
primeiro precedente legislativo, este é o segundo precedente. O primeiro
precedente já está devidamente aprovado regimentalmente, os Projetos
autorizativos já não tramitam mais na Casa.
Eu
queria a atenção dos meus colegas Vereadores, especialmente daqueles que,
talvez, não tenham tido acesso a esta matéria. Primeiro, a Constituição
Federal, a Constituição Estadual e a Lei Orgânica do Município dizem que esta
matéria é de competência privativa do Presidente da República, dos Governadores
e dos Prefeitos. Essa é a primeira questão. Segundo, os senhores sabem, mas eu
sou obrigado a ressaltar, que 30% dos que andam de ônibus hoje nesta Cidade não
pagam o transporte coletivo. Portanto, 70% pagam pelos 100% que andam. E eu não
estou dizendo que não haja isenções justas, absolutamente. Mas acho que esta
Casa, juntamente com o Executivo, tinha que ter coragem de revisar algumas
isenções. Não basta ter sessenta anos para ser isento; não acho que o passe
livre, hoje, cumpra o papel pelo qual se originou, por exemplo. Eu estou
colocando isso para dizer o seguinte: o que está colocado aqui neste precedente
legislativo? É que o Vereador, se ele propuser isenção, diga de onde estão
saindo os recursos, porque hoje não há nenhum centavo de dinheiro público no
transporte coletivo, nenhum centavo. Cada vez que proponho uma isenção,
significa que alguém vai estar pagando por alguém, porque não há almoço de
graça.
Então,
eu queria, de forma muito fraterna, dizer que nós não estamos coibindo
legislar, até porque a jurisprudência que está anexada a esta matéria já diz
que não é competência de Vereador. A Lei Orgânica diz que não é competência de
Vereador. A Constituição Federal diz que não é competência de Vereador. Na
verdade, nós estamos criando um precedente legislativo para clarear uma questão
que até está clara, Ver. Braz. Logo, venho a esta tribuna para dizer que se há
uma coisa por que esta Mesa Diretora tem trabalhado é para ampliar as
prerrogativas do nosso Legislativo. Agora, eu acho que também nós temos que ter
grandeza de saber que muitas vezes tentamos legislar em matéria que não é da
nossa competência, até porque o poder no Brasil está muito concentrado na mão
do Presidente da República, dos Governadores e dos Prefeitos. Essa é uma
questão que tem de ser enfrentada, e acho que isso é um bom debate. Agora, a
isenção de passagem, com todo o respeito, com muito critério pode haver, mas “a
correia sempre sai do couro”. Hoje 30% não pagam, a passagem poderia estar
1,99, 1,90, 1,85, se todos pagassem, e eu acho que tem gente que não deve pagar
mesmo.
Vejam
o precedente legislativo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores: antes, numa
proposta da Verª Maria Celeste, ele era aprovado, proposto pela Mesa e, se
houvesse a chancela da Comissão de Justiça, já estava implementado. A Verª
Maria Celeste entendeu que deveria vir a plenário, e eu achei que era
importante, apoiamos a sua iniciativa, portanto é a matéria que está em
discussão. Nós não estamos querendo coibir absolutamente nada, mas também
queremos dizer que, se quiser legislar sobre isenção no transporte coletivo,
diga de onde vai tirar o recurso, porque é muito fácil eu colocar, de um lado,
quem quer dar isenção e, de outro lado, aqueles que, em nome do equilíbrio dos
contratos, entendem que não podem dar. Ficam, de um lado, os de bem, que querem
dar isenção; de outro, os de mal, que não querem dar isenção. Esse não é o
procedimento, mas isso está devidamente esclarecido pela jurisprudência, está
devidamente esclarecido pela Lei Orgânica, está devidamente esclarecido pela
Constituição Federal e pela Estadual. Então, o que nós estamos fazendo, na
verdade, é sumulando aquilo que até, de fato, não tem acontecido aqui na Casa
nesses últimos tempos, não tenho percebido tramitar Projetos aqui sobre isenção
de passagem. Estamos tentando consolidar aquilo que já vem acontecendo. São estes
os esclarecimentos que eu queria fazer a V. Exas e agradeço a
atenção de todos. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
(O
Ver. Sebastião Melo reassume a presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento s/nº de autoria da Presidência (Processo nº 6932/08).
A
Verª Sofia tem o Projeto Vou à Escola, que significa o quê? Um alinhamento com
o Governo Estadual, onde haja subsídio, pela obrigação do Estado em financiar o
transporte para os estudantes. Isso tudo tem que ser posto na mesa. Não pode
ser tomada uma decisão apressada e superficial, porque isso não resolve o
problema e prejudica os que são pobres e os mais pobres ainda. Essa não é a
solução: a solução é um estudo profundo e um projeto que veja todas essas
questões, enfrentando, sobretudo, os interesses do grande capital, do grande
poder e os interesses do Estado, que podem ser postos a serviço da comunidade.
Obrigado pela atenção.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Ver.
Carlos Todeschini, respeito a sua manifestação, mas quero dizer que o Projeto
da Mesa Diretora não está discutindo isenções. Não é isso que está sendo
discutido. O precedente legislativo está dizendo que Vereador que quer propor
isenção de passagem tem que dizer de onde tira o recurso. Nós não estamos
discutindo as isenções até agora existentes. Isso não está aqui e, portanto,
cabe esclarecer ao Plenário, porque isso não está em discussão.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento
s/nº de autoria da Presidência (Processo nº 6932/08).
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,
senhoras e senhores, houve uma época aqui na nossa Câmara de Vereadores em que
os Vereadores eram extremamente generosos, davam isenções e mais isenções
dentro do transporte coletivo. Na época a Lei Orgânica permitia que essas
isenções fossem dadas, e se comentava naquele tempo que só faltava isenção para
a torcida do Grêmio e para a torcida do Internacional, então os Vereadores
iriam sentar em seus gabinetes e fazer projetos assim. Temos isenções que foram
dadas a determinadas camadas privilegiadas de nossa sociedade em detrimento de
pessoas que realmente precisavam de uma tarifa mais baixa. O operário acaba
pagando uma tarifa mais alta porque alguns estudantes que têm melhores
condições acabam pagando a meia tarifa. Sobre os idosos: será que todos os
idosos realmente precisam da isenção? Foi feito aqui um Projeto para idosos: a
partir de sessenta anos eles podem andar de graça nos ônibus; e não há limite,
as pessoas podem ganhar um, dois, três, quatro, cinco, seis, dez salários.
Tudo
isso, na verdade, sobrecarregou a tarifa final, porque, afinal de contas, tudo
que é dado sai de algum lugar, sai de alguém, e quem paga a tarifa acaba
pagando as isenções também. É por isso, Ver. Pedro Ruas, que nós não podemos
permitir que o Vereador continue na sua condição de generoso, dando isenção
para o seu grupo de apoio ou para pessoas cujos votos ele acredita que vai
atrair, dando aquela isenção e sobrecarregando pessoas que precisam de uma
tarifa mais baixa. Então, sou partidário, Ver. Valter Nagelstein - Vossa
Excelência é Líder do Governo -, de que devemos partir para uma revisão geral.
Devemos fazer uma revisão de todas as isenções que foram dadas e que, a esta
altura, meu querido amigo Beto Moesch, acabam sobrecarregando pessoas que
muitas vezes não podem pagar.
Este Projeto elaborado pela Mesa, de um precedente
legislativo, vai obrigar o Vereador que quiser dar isenção a dizer de onde ele
vai tirar o recurso. De repente, esse Vereador generoso, que quer dar a
isenção, vai ter que dizer ao público que ele vai tirar da Saúde, ou que ele
vai ter que tirar de algum outro setor - porque tem que sair de algum lugar - e
que, de repente, vai gerar algum descontentamento do setor de onde ele vai
apontar que os recursos sairão. Mas não podemos mais trabalhar no campo da
hipocrisia, uns se mostrando altamente benevolentes em relação à sociedade e
fazendo uma legislação em relação à qual quem está ouvindo ou quem está
assistindo pela televisão pensará: “Mas esse Vereador é diferente, ele quer dar
benefício para a população.” E os outros que não querem? Parecerão maus, porque
serão caracterizados como aqueles que querem o mal da população. Então, agora,
a partir do precedente legislativo, Ver. Sebastião Melo, o Vereador bonzinho
vai ter que dizer de onde vai tirar o dinheiro para poder dar isenção. Por isso
sou a favor do precedente, absolutamente a favor de que tenhamos um precedente,
que não faz nenhuma proibição e que já não exista. Mas que diz que, se,
porventura, o Vereador quiser fazer um Projeto nesse nível, ele terá que dizer
de onde sairão os recursos, assim como, por exemplo, já existe nos Orçamentos.
Para finalizar, houve uma época realmente, Ver.
Sofia Cavedon, em que existia na tarifa alguma coisa calculada para a renovação
de frota, e o Governo da época resolveu colocar ainda um plus tarifário. Esse plus
tarifário, que era para durar apenas um ano, acabou ficando pela vida inteira.
Então, esse Governo passado tem que responder o porquê daquele plus tarifário.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Srs.
Vereadores, há duas inscrições ainda: a do Ver. Valter Nagelstein e a do Ver.
Waldir Canal. Pelas manifestações, compreendi que há uma insuficiência de
esclarecimentos sobre a matéria.
Então, vou propor adiamento por cinco Sessões e mandar distribuir uma cópia
para cada um dos Vereadores, porque eu entendo que está havendo um equívoco.
Nós não estamos tratando aqui de retirar isenções. As manifestações não estão
vindo ao encontro daquilo que é a proposição do Projeto. Reconheço que há
problemas e eu vou requerer adiamento de votação.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, data vênia, V. Exª tem o direito de pedir o adiamento por cinco
Sessões, mas que não o faça sob esse fundamento, porque só quem não leu o que
está sendo proposto pode entender que nós estamos retirando qualquer tipo de
isenção; o que não nos cabe, inclusive, pedir. Nós estamos precatando situações
em que se pretendam, no futuro, outras isenções que não as hoje existentes.
Isso está muito claro, Presidente. Quem quer confundir, quer confundir. E V.
Exª não pode ficar confundido por eles.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento s/nº de autoria da Presidência (Processo nº 6932/08).
O
SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,
primeiro eu quero cumprimentá-lo, Sr. Presidente. Vossa Excelência retornou à
tribuna, pelo menos pela primeira vez desde o início desta Legislatura, e vejo
que não perdeu o traquejo. Então, parabéns!
Eu
quero me solidarizar, da mesma forma, com o Ver. Haroldo de Souza: concordo com
as palavras de Vossa Excelência. Tenho a mesma visão com relação a esse
assunto, vejo que muitas vezes enfrentamos uma luta desigual. Tem sido assim
com relação a alguns cronistas da nossa Cidade. Eu, em dois ou três assuntos,
remeti correspondência tentando justificar a minha posição, mas os cronistas
que dispõem de um espaço no jornal fazem o seguinte: eles publicam a nossa
opinião, logo em seguida opinam e, no dia seguinte, colocam a opinião de um
terceiro que é contra a nossa opinião. Quer dizer, é um verdadeiro massacre! É
uma luta desigual, não é nem um pouco democrática, muito menos ética, no
sentido de que não faculta. Primeiro, não dá uma opinião que é jornalística; dá
uma opinião que é de cronista. Cronista não tem obrigação com a verdade, tem
obrigação com os seus preconceitos ou com a sua visão, mas não com a informação
jornalística. Depois, estabelece esta assimetria: ele é dono do espaço, é dono
do veículo, e nós, no mais das vezes, vamos ficar aqui gritando sozinhos e
sendo massacrados por esse poder da mídia. Então, a minha solidariedade para
com Vossa Excelência.
Srs.
Vereadores, com relação a esse assunto do precedente, eu insisti com o
Presidente, porque, na verdade, no âmbito da Comissão de Constituição e
Justiça, eu fui o Relator desse assunto e me senti obrigado a subir à tribuna
para trazer algumas luzes e alguns esclarecimentos. Não é meu desejo entrar no
mérito; se fosse, eu diria o seguinte: “De fato, se caminhássemos para este
maniqueísmo entre bem e mal...” Volto a dizer, não é esse o meu foco; se fosse,
eu diria que quem paga mais caro na utilização do sistema de transporte
coletivo é aquele que mais precisa, é a diarista, é o operário, é o
trabalhador, são esses que, de fato, mais pagam, porque é do bolso deles que
está saindo o custeio dessas isenções, são eles que subsidiam a isenção do
transporte coletivo. Isso se nós fôssemos por esse lado, mas não é esse o foco.
Meus queridos companheiros, meu Ver. Mauro Zacher,
na verdade, aqui, estamos tratando de um precedente legislativo, que é essa
figura que inauguramos na Câmara de Vereadores, regimental, processual, é uma
espécie de súmula - se pudéssemos comparar, bem comparando, ao que os tribunais
fazem. Esse instrumento visa simplesmente, de certa forma, a desafogar e, muito
para além disso, Ver. Beto Moesch, poupar os Vereadores, amanhã ou depois, de
certos constrangimentos que, via de regra, acontecem quando enchemos o plenário
das Câmaras de Vereadores para defender certos assuntos. E se colocam os
Vereadores em situações muito difíceis, porque, tecnicamente e de forma
coerente, sem fazer demagogia, nós sabemos que temos que caminhar em um
sentido, mas, muitas vezes, como agentes políticos, Presidente, somos
pressionados a caminhar em outro. E aonde deságua isso? Deságua nos tribunais,
porque, depois, as Ações Diretas de Inconstitucionalidade e outras tantas têm que
ser ajuizadas por quem queira buscar seus direitos. Aí, na verdade, estamos
gerando para a sociedade esse custo também, e, no caso específico das empresas
de transporte coletivo, é jogado na tarifa, e quem paga é quem mais precisa,
que é o trabalhador, pois esse custo tem que ser jogado na tarifa.
Aqui, Sr. Presidente, há uma série de julgados, e
eu diria que não é um, não são dois, não são três, são à exaustão assuntos
pacificados no âmbito do nosso Tribunal de Justiça de vários Municípios do
interior do Rio Grande do Sul: Ação Direta de Inconstitucionalidade do
Município de Bagé, de São Borja, Ação Direta de Inconstitucionalidade de vários
Municípios. Está à disposição de V.
Exas, e isso que vai fazer o Presidente... Tem-se incorrido,
sistematicamente, no erro, Ver. Waldir Canal, de se buscar fazer demagogia, e
não é essa a nossa tarefa; nós temos que tratar a política com o manto da
sobriedade que exige a nossa função, para não fazermos essa demagogia, para, de
fato, dizermos o seguinte: “Nós criamos uma nova isenção, porque vai beneficiar
aquela categoria que é extremamente necessitada e que precisa”. Pois bem,
esbarra lá, de novo, no Tribunal mais uma Ação Direta, em que já foi matéria
pacificada e reconhecida, que é precipuamente a competência do Poder Executivo
legislar sobre essa questão. E, quando o Legislativo assim o faz, que aponte a
origem do recurso, e é isso que não se faz.
“Ah, vamos dar uma isenção para o Ver. Paulinho
Ruben Berta, porque os moradores do Bairro Rubem Berta são da região mais pobre
da Cidade, eles precisam ter um tratamento diferenciado”. É óbvio que o bairro
Rubem Berta é o Bairro mais pobre, ou um dos mais pobres da Cidade, é óbvio que
o bairro Rubem Berta é flagelado pela violência, mas isso não é razão
suficiente, embora mérito haja, para que nós criemos isenção tarifária. Então,
nós estamos criando um mecanismo, um mecanismo importante, um mecanismo moderno
- na nossa Casa, Ver. Mauro Pinheiro -, que vai fazer com que esses Projetos,
quando forem protocolados e não apresentarem, Ver. DJ Cassiá, a origem do
recurso, de onde vai sair aquela isenção, sejam prontamente encaminhados à
Mesa, e se dá a faculdade ao Presidente da Casa de poder, de plano, arquivar
esses projetos.
Eu confesso, Sr. Presidente - e encerro -, que tive
muitas dúvidas quando fui analisar, mas, fazendo uma análise aprofundada e uma
análise técnica, não pode restar dúvida com relação a isto: há só um caminho
que nós temos a seguir, que é o de aprovar o segundo precedente legislativo e
começar a criar essa função, que eu diria que é uma função saneadora, Sr.
Presidente, saneadora, acima de qualquer outra coisa. Muito obrigado, Srs.
Vereadores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Consulto o
Ver. Waldir Canal se ele quer encaminhar o Requerimento s/nº de autoria da
Presidência (Processo nº 6932/08), porque eu vou pedir adiamento de votação.
(Pausa.)
O Ver. Waldir Canal está com a palavra para
encaminhar o Requerimento s/nº de autoria da Presidência (Processo nº 6932/08).
O SR. WALDIR CANAL: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, eu vou encaminhar rapidamente. Eu quero dizer que este
Requerimento de fixação de precedente legislativo tem a sua importância, com
certeza, porque trata de uma ação dentro do Legislativo, regrando, limitando
essa questão das isenções de passagens, algo que realmente acaba onerando,
aumentando o preço da passagem.
Mas eu gostaria de ver aqui nesta Casa, por parte
do Executivo, para que então viesse sanar todo e qualquer tipo de
inconstitucionalidade, ilegalidade e tudo mais, um projeto de lei que desse,
sim, isenção... Esta é uma isenção que eu considero importante: muitos
Municípios do nosso Brasil afora já concederam a isenção aos brigadianos, que,
muitas vezes, entram no ônibus fardados; eles têm isenção quando entram
fardados. Mas, fardados, estão sendo alvo. Quando o meliante entra no ônibus, a
primeira coisa que ele faz é procurar ver se tem um brigadiano. E já sai um
tiroteio, colocando em risco os passageiros e outros mais. Nós temos a Brigada
Militar, o brigadiano armado, o policial civil armado. Ele, fardado, tem
isenção; a Guarda Municipal, fardada, tem isenção. Agora, eu gostaria de ver
aqui a iniciativa do Governo no sentido de conceder essa isenção a uma classe
trabalhadora tão importante, porque, se houver um assalto dentro do ônibus,
fardado ou não, ele vai ter de agir, ele vai ter de se movimentar! Então, é
apenas para quebrar essa necessidade de estar fardado para poder viajar no
ônibus. E, muitas vezes, o brigadiano tem de ir fardado, porque é o modo de
conseguir a isenção, pois o salário, todos sabem, é baixo. E, se houver essa
iniciativa, quebra essa ilegalidade.
Eu acredito que o Requerimento nesses termos,
tratando-se de Poder Legislativo, tem a sua importância, tem a sua valia, mas
nós não podemos nos esquecer de que não fechar os olhos para a situação atual,
para a condição hoje da Segurança Pública, para a situação social de hoje em
dia; nós não podemos fechar os olhos para a realidade que estamos enfrentando.
Eu encaminho dessa forma, já que o Presidente vai retirar o Projeto para
melhores estudos. Vamos aguardar, mas fica esta minha fala nesse sentido. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em votação o
Requerimento que solicita adiamento de votação do Requerimento s/nº de autoria
da Presidência (Processo nº 6932/08) por cinco Sessões. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Eu
vou solicitar, Rosi, que encaminhes a cópia da matéria aos 35 demais
Vereadores, para que possam fazer os respectivos estudos. E, se alguma dúvida
tiverem, a Rosi, que é Coordenadora deste trabalho, está à disposição para os
esclarecimentos. Depois, evidentemente, voltaremos a enfrentar o Processo,
porque acho que é uma matéria importante, respeitando as posições divergentes,
mas a Mesa tem convicção do que fez e vai colocar em votação, independentemente
do resultado. Mas, para fins de esclarecimento, pedimos o adiamento.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com
aparte;
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC. Nº 4033/08 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 029/08, que cria cargos em comissão, que passam a integrar a letra
“c” do Anexo I da Lei nº 6.309, de 28 de dezembro de 1988, e alterações posteriores.
(SMGAE/PISA)
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Almerindo Filho: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos
Nedel: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. João Pancinha:
pela aprovação do Projeto.
Observação:
-
para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art.
82, § 1º, III, da LOM.
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em discussão o PLE nº 029/08. (Pausa.) O
Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08.
O
SR. ADELI SELL: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores; Ver. Valter
Nagelstein, espero que a discussão, Ver. João Pancinha, deste Projeto nos dê
plenas condições de não fazer um debate sectarizado; não há problemas em criar
cargos. O meu Partido já votou várias vezes em propostas de V. Exas,
mas depende dos cargos. Nós, por exemplo, estranhamos que o Projeto esteja para
votação, e não se diz, exatamente, o que essas pessoas vão realizar. Uma coisa
é você aprovar um Cargo de Confiança do nível 6, 7, 8 - a gente sabe quanto a
pessoa vai ganhar. Mas a questão é: para realizar qual atividade? Se for para
questões técnico-profissionais, a pergunta que as senhoras e senhores têm que
nos responder é: o DMAE, o DEP têm ou não profissionais capacitados? “Ah, é uma
coisa inovadora, é uma experiência inédita, porque tem que fazer colocações de
equipamentos em águas profundas, etc”. É um debate, mas eu pergunto: o DMAE não
tem esses profissionais? Temos que começar a dialogar por essas questões,
porque, senão, Ver. Valter Nagelstein, fica uma discussão maluca.
O
Governo quer aprovar, e os Vereadores estão atentos, porque, além de legislar,
Verª Fernanda, é preciso fiscalizar, ou não? Esse é o nosso papel. Estamos
longe, Ver. DJ Cassiá, de um questionamento à proposta do Governo, nós não
temos preconceitos, não temos questões preconcebidas: “Tudo que o Governo manda
para cá a oposição tem que votar contra”, isso não é da lógica do Parlamento! O
Parlamento é exatamente o lugar do diálogo e da discussão. Eu já ouvi
discussões altamente sectarizadas aqui, e nós nunca contribuímos para o
desenvolvimento desse tipo de embate. Agora, é como eu brinco com o Ver. Nilo
Santos: afinal de contas, perguntar não ofende! Eu acho que, Ver. Pancinha, a
gente deve perguntar: “Esse nível tal dessa função fará que tipo de atividade?
É uma coordenação de fiscalização, vão estar sob sua responsabilidade quais
servidores? Qual o número de servidores para qual atividade e para qual fim?”
Ou não, Ver. Luiz Braz? Porque é um gasto razoável! Hoje em dia, em momento de
crise, nós temos que ser muito cautelosos nos gastos. Acho que essa deveria ser
tanto a posição da situação quanto da oposição.
Então,
gostaria que abríssemos hoje o debate. Como já são quase 17h, que pudéssemos
fazer o debate sem encerrá-lo, que pudéssemos fazer a votação em 48h, porque
acho que esse é o tempo necessário, é o tempo salutar para que as partes
cheguem a denominadores comuns. Eu não gostaria que aqui, Ver. Toni Proença, se
repetissem episódios do a favor ou contra, do contra ou a favor, ou seja, a
eterna “grenalização” da nossa política. Estou aqui para abrir esta discussão.
Faço um apelo à sensibilidade das senhoras e dos senhores para essas questões
que acabo de colocar. Espero, Ver. Valter Nagelstein, que, com esse debate, com
essa serenidade, com essa tranquilidade que nós devemos ter, possamos votar,
quem sabe, na quarta-feira, fazendo a boa discussão agora e chegando a
denominadores comuns. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, o Ver. Adeli Sell, na semana passada, me fez um chamamento à
reflexão, e eu o atendi de forma pronta, aliás como sempre faço com as
manifestações que são sempre muito procedentes do Ver. Adeli. Criou-se uma
celeuma aqui, Ver. Comassetto, dessas tantas que têm sido criadas, em que nós
acabamos por dividir Porto Alegre entre o time do bem e o time do mal. E o Ver.
Adeli me disse: “Valter, não embarca”. E realmente ele tinha razão, tinha tanta
razão que eu vou seguir na mesma toada que ele próprio me deu. Ver Adeli, eu
quero lhe dizer que dediquei o meu feriado da Páscoa à leitura do filósofo
alemão Schopenhauer, e
ele falava a respeito, na sua filosofia, da heurística, Ver. Comassetto, que é
a arte de ganhar um debate sem ter razão. Isto tem acontecido muito, Ver.
Ismael, nesta Casa: cria-se toda a sorte de dificuldades, coloca-se o povo
aqui, e nós temos a mais absoluta razão naquilo que estamos defendendo e, às
vezes, nós nos constrangemos em defender o que é correto. Este é um desses
casos, Ver. Tarciso, em que não há mais o que discutir. Nós estamos recebendo
dinheiro do povo, nós somos pagos pelo povo, esse assunto entrou na Pauta em
janeiro, e eu me lembro, Ver. Haroldo, de que lá em janeiro nós atendemos a um
pedido para retirar da Pauta. Nós estamos em abril, é hora de votarmos.
Quando o Governo Municipal assinou o Contrato com o
BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento -, para fazer o Projeto
Socioambiental... Eu reputo este Projeto como o mais importante de Porto
Alegre, talvez nos últimos cinquenta anos, porque é um Projeto que vai elevar
para 90% o índice de esgoto tratado na nossa Cidade, são mais de quinhentos
milhões de reais. Aqui ao lado, na Usina do Gasômetro, está sendo erguida uma
chaminé, que é uma parte desse emissário que vai levar até o bairro Serraria,
onde será feita a estação de tratamento dos efluentes, porque Porto Alegre hoje
joga quase todo o seu esgoto no rio, e depois vêm os ambientalistas aqui para
defender um trecho e outro. É bom que venham, mas lembrem disto: Porto Alegre
joga quase todo o seu esgoto in natura no rio. E essa obra vai elevar
para 90% o índice de esgoto tratado. É óbvio que não vai resolver o problema do
Guaíba, existem todas as cidades da Região Metropolitana, há um sistema de
vasos comunicantes que compõe o Guaíba, o lago, todos os rios que o abastecem,
mas ela é fundamental para a Cidade.
O
BID, quando assinou o contrato com Porto Alegre, Vereadores Haroldo e Dr. Raul,
exigiu em torno de trinta cargos, Ver. João Pancinha, que bem acompanhou, e a
Prefeitura, de forma diligente, negociou isso e reduziu para seis técnicos, que
não são políticos. Se fossem cargos políticos, eu compreenderia a manifestação
de Vossas Excelências, mas são cargos técnicos que virão aqui para fazer o
gerenciamento da aplicação desses recursos que são fundamentais. Portanto, não
há mais o que discutir! Puxa vida, nós temos que cumprir com a nossa obrigação,
nós temos que avançar na Pauta, temos que deixar de fazer heurística, temos que
deixar de fazer politicagem! É um apelo que faço às nossas consciências! Nós
estamos querendo mistificar, complicar coisas simples! Repito: são seis cargos
técnicos, eles fizeram parte de uma negociação que foi estabelecida, Vereadores
João Pancinha e Juliana Brizola, pelo Município de Porto Alegre com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento, que exigiu, como contrapartida do Município,
Ver. Manfro, que esses cargos fossem disponibilizados exatamente para se fazer
o controle. São cargos técnicos, aqui está a lei à disposição de quem quiser
(Lê.): “Um coordenador-geral, um assessor técnico, dois assessores
especialistas e dois responsáveis por atividades”.
Por
favor, sejamos coerentes, sejamos honestos com os nossos propósitos maiores de
atender ao bem comum e às necessidades maiores da nossa Cidade. Porto Alegre
precisa fazer o tratamento dos seus efluentes, e isso é uma questão de Saúde
Pública! Quantas e quantas crianças, Dr. Raul, morrem nos hospitais, por
diarreia e outras doenças correlatas à falta de saneamento básico?!
Infelizmente, Ver. Pujol, nós transformamos, ao longo da história, os nossos
rios em cloacas! E aqui nós temos uma oportunidade de fazer um marco na
história de Porto Alegre com o Programa Socioambiental! Portanto, vamos fazer,
vamos avançar rapidamente, vamos aprovar esses cargos, porque são cargos que
fazem parte da contrapartida que foi exaustivamente negociada e que é
imperativa no sentido daquilo que nós acordamos com os recursos do Banco
Interamericano de Desenvolvimento. Muito obrigado, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Maria Celeste está com a palavra
para discutir o PLE nº 029/08. (Pausa.)
O
Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08.
O SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo;
colegas Vereadores, Vereadoras, senhoras e senhores que nos assistem. Ver.
Valter Nagelstein, que está nos dando o prazer de conviver conosco nesta
Legislatura, eu quero recapitular um pouco da história dos últimos quatro anos
aqui, para que V. Exª tenha estas informações, pelo menos sob a ótica da oposição,
que vem sempre para o debate qualificado, um debate que quer trazer as
informações para a Cidade, um debate no sentido de que a opinião pública possa
tomar a sua decisão à luz do que ouve aqui.
O
Pisa, Ver. Nagelstein, veio oito vezes para esta Casa na Legislatura passada,
cinco vezes por erros do Executivo. Vinha e voltava, vinha e voltava. Em
momento nenhum foi trazida a necessidade de se criar novos CCs. E ele aparece
agora, eu diria assim, aqui na técnica legislativa, como um contrabando para criar
novos CCs. A Bancada de oposição, em particular a do PT, votou favorável à
grande maioria dos CCs criados na Legislatura passada, e foram mais de cem.
Portanto, não são seis CCs hoje, são mais seis CCs sobre mais de uma centena
que nós já criamos. Ver. Nagelstein, o que disse o Prefeito Fogaça na sua
primeira campanha e o que disse na sua segunda campanha? “Eu vou valorizar os
funcionários técnicos do Executivo Municipal.” Será que para ter um biólogo
precisa contratar um CC? Será que para ter um engenheiro precisa contratar um
CC? Será que não tem que valorizar os quadros técnicos lá do DMAE?
E,
aí, um segundo desvio aqui neste Projeto está propondo criar esses seis CCs,
mas mandar para a Secretaria Municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico,
e não para o DMAE, que gerencia o Projeto Socioambiental! Explique-me isso!
Bom, no mínimo, deveria mandar para onde? O Programa Integrado Socioambiental -
tem que dizer aqui -, criado ainda na gestão popular do Ver. Todeschini, lá no
DMAE, ficou pronto e até agora não foi executado. Portanto, temos que trazer
aqui estes dados: não é um CC, não são seis CCs, nós estamos discutindo mais de
uma centena de CCs que já criamos, e todas as vezes que os projetos vieram para
esta Casa para aprovarmos os recursos e podermos ver as despesas, nunca foi
trazido que teria que haver mais CCs.
Segundo,
a Verª Clênia Maranhão, enquanto era Líder do Governo, se responsabilizou de
trazer as informações, os mapas do Projeto Socioambiental. Nunca trouxe as
informações que se comprometeu a trazer, como Líder do Governo, para a
oposição.
O
Sr. Valter Nagelstein: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Engenheiro Comassetto, V.
Exª tem à sua disposição um instrumento legislativo, legal, que é o Pedido de
Informações.
O
SR. ENGENHEIRO COMASSETTO: Só
para lhe prestar a informação, a nossa Bancada fez mais de dez Pedidos de
Informações a respeito do Projeto Socioambiental, e não foi atendida em nenhum.
Se tivermos que ir ao Ministério Público para exigir as respostas ... Estou
passando - o senhor como novo Líder - informações de que V. Exª não sabia. A
Verª Clênia assumiu o compromisso com a Bancada de oposição na época, e nós
votamos favoráveis, sempre favoráveis ao Projeto Socioambiental. Portanto, o pedido do Ver. Adeli Sell não é
para querer simplesmente impedir um projeto dessa magnitude, porque defendemos
a qualificação ambiental, os serviços sociais e de reassentamento, o saneamento
básico e a qualidade da água, mas que as informações sejam bem ditas para a sociedade.
Eu quero lhe dizer mais: o senhor sabe onde está sendo
feito o Socioambiental na Restinga? Onde já tem esgoto. Estão sendo arrancados
os canos de onde tem e colocados outros, e as vilas do entorno estão ficando
sem o Projeto Socioambiental. Isso lá na nossa comunidade, assim como em muitas
outras. E nós pedimos essa informação à Verª Clênia Maranhão, ela ficou de
trazer, mas até hoje não trouxe, Ver. DJ Cassiá. Bom, para um Projeto como
este, será que estamos tendo todas as informações para poder fazer as
aprovações necessárias à sua execução? Em nome da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, Ver. Valter Nagelstein, eu peço que o senhor cumpra, como Líder
do Governo, pelo menos as dívidas que a Líder e o Líder do Governo ficaram
devendo a esta Casa. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
senhoras e senhores, se há uma reclamação que não pode ser feita na Casa é com
relação à atenção que é dada pelo Líder do Governo às perguntas que são feitas.
Ele tem se mostrado sempre disposto a ser o intermediário entre o Governo do
Município e esta Casa, e tem feito isso muito bem.
Acho
que este Projeto de Lei é apenas um projeto que ajuda a cumprir uma legislação
de extrema importância para todos nós aqui neste Município. É uma exigência
que, depois de ser imposta a todos nós... Porque é claro, a sociedade é quem
paga, e, quando nós estabelecemos cargos dentro da Administração Pública, tem
que ter prazo findável. Não são cargos, Ver. Valter, que vão ficar aí
eternamente. Depois de terminadas as suas funções, eles serão extintos. Está na
lei. Está aqui no Projeto. É importante que se leia o art. 4º: “O disposto no
art. 1º tem seu prazo de vigência vinculado diretamente ao período de duração
do contrato que dá sustentação financeira à operação do Programa Integrado
Socioambiental [...]” Está aqui. Tem prazo de validade. É claro, como é um
Projeto muito extenso, o Pisa vai ser um Projeto para ser implantado durante
alguns anos. Ele não vai se dar de uma hora para outra. É claro que os cargos
que estamos criando aqui e que não são muitos vão dar sustentação para que esse
dinheiro que será aplicado possa se dar da melhor forma possível. E vai ser,
Ver. Valter Nagelstein, até uma possibilidade melhor de controle que esta Casa
terá sobre o programa a ser implantado.
Acho
que o que nós estamos criando são Cargos de Confiança. E os Cargos de Confiança
hoje, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, pela forma como estão sendo
criados, Ver. Mauro, têm prioridade aos próprios cargos efetivos, porque os
cargos efetivos vêm para ficar; os de confiança só vão cumprir a sua função e
pronto. Aliás, eu acredito que na discussão que se faz no Congresso Nacional
sobre os Cargos de Confiança, inclusive sobre a possibilidade de eles serem
extintos... Eu acredito que esse tipo de Cargo de Confiança não poderia ser
extinto porque, afinal de contas, são cargos que vão dar, para a operação toda
que vai ser feita, o embasamento necessário, a fim de que nós, da sociedade,
possamos ter a garantia de que essa operação será bem controlada. É claro que o
Sr. Prefeito Municipal não vai simplesmente indicar, para preencher esses
cargos, pessoas que são vinculadas à sua grei partidária; ele vai tentar
indicar para esses cargos pessoas aptas a exercer a função de assessoramento.
Há
mais um item no Projeto de Lei que eu não sei se foi lido: é uma autorização
que estamos dando ao Sr. Prefeito Municipal para que haja cedências, entre as
diversas Secretarias, de pessoas que estejam realmente aptas a exercer as suas
funções com relação ao Projeto, o Pisa. Acho que isso também vai ser algo
extremamente importante, e nós temos que fazer, mas essa autorização o Prefeito
tem que ter, para que ele possa utilizar as pessoas, os profissionais, nas mais
diversas Secretarias, a fim de que o Projeto possa chegar ao seu final de forma
a contentar todos nós, da sociedade. Então, não temos por que adiar a votação;
nós temos é que votar este Projeto com brevidade, porque é algo que virá trazer
uma garantia a mais para nós, da sociedade, de que o Pisa, que todos nós
queremos, seja implantado de uma forma mais correta.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. João Pancinha está com a palavra para discutir o PLE n° 029/08.
O
SR. JOÃO PANCINHA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, telespectadores do
Canal 16, público das galerias, eu venho discutir esta matéria porque ela é de
suma importância para o desenvolvimento de Porto Alegre. Nós estamos falando de um Projeto de 153
milhões de dólares, sendo 49% financiado pelo BID e o restante pela Prefeitura.
É comum, nesse tipo de contrato, exigências por parte do financiador para que
seja criada uma comissão de acompanhamento das obras. Isso foi feito na 3ª
Perimetral, foi feito no Conduto Forçado Álvaro Chaves, e, diga-se de passagem,
o apoio operacional foi de extrema importância para a conclusão dos serviços.
Ora, temos técnicos na Prefeitura, sim, e
extremamente competentes, e o Prefeito José Fogaça tem dado o devido respaldo a
esses técnicos. Porém todos nós sabemos que as demandas da Prefeitura são
enormes e há uma carência de técnicos na Prefeitura. Nós precisamos que o
trabalho de fiscalização e controle da obra, Ver. Nelcir Tessaro, seja feito full
time. Precisamos que diariamente esses profissionais estejam nas obras,
Ver. Carlos Todeschini, e V. Exª sabe muito bem da extensão, da grandeza deste
Projeto e da importância que ele tem para a cidade de Porto Alegre.
Um detalhe importante: seis cargos estão sendo criados -
seis cargos. Nós temos aqui: um coordenador-geral, um assessor técnico, dois
assessores especialistas e dois responsáveis por atividades. E há outro detalhe
importante, Ver. Reginaldo Pujol: são cargos que estão sendo criados a partir
da vigência da lei até a conclusão do contrato com o BID. Não estamos criando
nada a mais do que o necessário. Temos no Projeto a repercussão financeira, que
é da ordem de trezentos mil reais por ano. Isso, em uma obra de 175 milhões de
dólares, é irrisório. E precisamos que essa obra seja fiscalizada, seja
coordenada por uma equipe permanente. É nesse sentido que venho fazer este encaminhamento,
pela importância que tem, porque acompanhei os três anos da obra do Conduto
Forçado Álvaro Chaves, e o apoio operacional foi fundamental para a conclusão
dos serviços. Nós tínhamos, diariamente, além dos técnicos do DEP, a
coordenação do apoio operacional. Por que a SMGAE? Porque é uma obra de gestão,
e quem vai controlar essa obra é a Secretaria de Gestão, Ver. Reginaldo Pujol.
Então eu peço aos Vereadores que analisem essa questão, pensem, não é uma
prática nova; isso foi feito em Administrações anteriores para obras desse
vulto. Eu registro mais uma vez aqui, Ver. Haroldo, a importância disso para o
Projeto Socioambiental. E muito bem foi dito aqui: o esgoto tratado da cidade
de Porto Alegre vai passar de 27% para praticamente 90%.
(Aparte
antirregimental do Ver. Carlos Todeschini.)
O
SR. JOÃO PANCINHA: Noventa
por cento, Ver. Todeschini, V. Exª.. Deixemos em 80%. Ele vai aumentar três vezes mais em relação
ao que é o tratamento de hoje, então é extremamente importante para cidade de
Porto Alegre. Eu peço que V. Exas considerem essa questão, é um
contrato de criação de cargos por vigência - a partir da publicação da lei até
a conclusão do contrato - de extrema importância para o bom desenvolvimento dos
trabalhos do Projeto Integrado Socioambiental. Eu solicito aos Vereadores e
Vereadoras que reflitam bem, não é uma prática nova, é uma prática que já vem
de Governos anteriores e é uma exigência do BID. Muito obrigado pela atenção.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O
Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08.
O
SR. ERVINO BESSON: Meu
caro Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16
da TVCâmara, eu quero saudar a todos.
Eu
peço permissão ao meu Líder de Bancada, Ver. Mauro Zacher, e, em nome da
Bancada do PDT, quero dar todo o apoio ao jovem Ver. Valter Nagelstein, pela
responsabilidade que ele tem aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre; é um
homem aberto, democrático, traz aqui as reivindicações da Prefeitura Municipal,
discutindo democraticamente com todos os Vereadores e Vereadoras. Caro Ver.
Valter Nagelstein, receba aqui, em nome da Bancada do PDT, a nossa
solidariedade, o nosso apoio.
Vereadores
que me antecederam nesta tribuna disseram que há profissionais, nos diversos
setores da Prefeitura, que poderiam ocupar esses cargos. Se há profissionais
sobrando na Prefeitura, alguma coisa está mal. Com todo o respeito, são pessoas
concursadas, e está sobrando gente!? Então, vamos com calma nas colocações
aqui.
Não
é de hoje que a Cidade está querendo o Pisa, pois vamos recuperar o nosso
extraordinário Guaíba, e isso é Saúde Pública. A natureza nos colocou nas mãos
o rio Guaíba, e ele está altamente massacrado pela poluição. Há investimento,
precisamos recuperar o rio, e há esses seis Cargos em Comissão que irão
trabalhar diretamente nessa área. O investimento total previsto é de 153
milhões, são 740 mil dólares. É dinheiro! É investimento! Mas agora está sendo
colocado em dúvida o Projeto do Prefeito Municipal! Seis profissionais irão
trabalhar nessa área tão importante, serão escolhidos a dedo, meus caros
colegas, para que possa ser feito um trabalho altamente competente.
E
há mais uma coisa aqui: a contratação é temporária. Quando terminar o Projeto,
praticamente os cargos serão extintos. Está claro no Projeto de Lei. Vão
colocar em dúvida o Projeto de Lei? Acho que todos nós - os 36 Vereadores e
Vereadoras -, juntos, devemos dar um pouco de esforço para que possamos, sim...
A Cidade espera esse Projeto e não é de hoje, não é de hoje. Já foi discutido
amplamente aqui nesta Casa, já foi aprovado, agora nós temos que dar estrutura
profissional para que ele seja colocado em prática o mais breve possível.
Foi
dito que é uma questão de Saúde Pública, claro que é; é a recuperação do nosso
Guaíba. Esses profissionais, sem dúvida, devem ser profissionais de alta
competência. É preciso colocar na cabeça das pessoas, dos munícipes desta
Cidade o cuidado que nós temos que ter. Vejam a poluição, essa tragédia que
está acontecendo no nosso rio por nossa culpa mesmo, por culpa da população de
Porto Alegre. O lixo vai para o Guaíba, esse lixo vai para o esgoto. O DMLU,
como já foi dito aqui, recolhe lixo mensalmente desses arroios, e estão aí os
arroios entupidos com lixo, com pneus, com tudo que é porcaria que o pessoal
coloca nos rios. Quem sabe lá se este Projeto venha também para educar a nossa
população, para que ela tenha mais cuidado, porque isso aí também é Saúde Pública.
Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08.
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público que nos
assiste, é verdade que o Prefeito José Fogaça não inventou a convenção, ou
melhor, não inventou o que hoje nós chamamos de Cargo em Comissão. Todo mundo
que acompanha política sabe que essa prática é feita a rodo em nível federal,
estadual, em diversos Municípios, inclusive como uma forma de devolver favores
para os Partidos, em função das alianças espúrias entre os Partidos, quando
disputam e depois ganham a eleição, ou como uma forma de gerar cabide de
emprego para os amigos do seu Partido. E não estou dizendo que o Prefeito
Fogaça esteja gerando um cabide de emprego através deste Projeto que encaminha
à Câmara de Vereadores. Entretanto, nós não podemos aceitar a regulamentação, o
uso da prática de ampliar o quadro de CCs a cada Projeto que a Prefeitura
apresentar, porque das duas uma: ou nós vamos ter milhares de CCs, porque há
muitos Projetos por aí, ou nós não vamos ter mais Projetos. E acho que nenhuma
das duas possibilidades nos serve, ainda mais como Vereadores preocupados que
somos com a legislação municipal, com a qualidade de vida e com a população de
Porto Alegre.
Digo
isso porque aqui é conhecido de todos - inclusive o nosso companheiro Emerson e
o Eurídes estão aqui nos assistindo, companheiros lutadores do PSOL - que a
nossa linha de campanha foi bem clara: o dever do Executivo e do Prefeito
Municipal, colocado através da candidatura da nossa Deputada Federal, Luciana
Genro, à Prefeita da Cidade, é governar com o que se tem, cortar os excessos e
cortar as regalias. Portanto durante a campanha eleitoral, nós já colocávamos a
necessidade de reduzir em 70% os CCs da Prefeitura de Porto Alegre, e no
Legislativo Municipal não pode ser diferente. Afinal, Ver. Ervino, foram
gastos, no ano de 2007, trezentos milhões de reais para pagar salários de Cargos
em Comissão. Talvez os Vereadores não saibam, mas, no mesmo ano, foram gastos
quatro milhões de reais com a Saúde, que a gente vê como está mal na nossa
Cidade: falta ficha, falta médico, falta atendimento, como as pessoas penam
para conseguir uma consulta em algum especialista. Foram gastos oito milhões
com Educação, enquanto isso se terceiriza e se abre contrato temporário para
professores, porque a Prefeitura não chama os últimos concursados do concurso
realizado no dia 25 de janeiro.
Então,
como que existe um problema se nós temos funcionários públicos de carreira que
trabalham há anos no exercício das suas funções e conhecem de ponto a ponto a
Cidade de Porto Alegre?
O
Sr. Luiz Braz: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Fernanda, apenas para
corrigir uma informação em relação ao seu pronunciamento, que estou ouvindo com
atenção. Existe já um repasse federal, nós temos a Saúde aqui municipalizada,
de cerca de um pouquinho mais de trezentos milhões anuais. Então, não pode essa
informação que V. Exª coloca aqui; gastam-se oito milhões com Saúde...
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Educação.
Na Saúde foram quatro da Prefeitura, da verba municipal.
O
Sr. Luiz Braz: Sim. Porque nós
temos, só dessa área, trezentos milhões. E, na área municipal, dos recursos
municipais, 15% daquilo que é recolhido em impostos é gasto com Educação.
Acredito que quem lhe passou esses dados, deve ter errado em alguma coisa.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Vereador, são
dados oficiais da própria Prefeitura, e reitero: apesar da verba federal,
apesar dos quatro milhões, acho que é notório para qualquer porto-alegrense a
falta de verba na Saúde, porque não é possível que as pessoas esperem seis anos
por uma cirurgia no Município e nos atendimentos à Saúde.
O
SR. ADELI SELL: Obrigo-me
a voltar e agradeço ao Ver. Oliboni a cedência do tempo. Tentei fazer um debate
aqui... Às vezes, não entendo, a gente fala, mas parece que para as paredes. Eu
estava atento, ali nos fundos, ouvindo. Afinal de contas, pergunto o seguinte:
há algum problema, ofende, Ver. Pedro Ruas, fazer algumas perguntas? Porque
fico preocupado com a criação de cargos, não é uma questão de princípio, acho
que há casos em que temos que criar cargos pelas questões que são postas. Como
a Prefeitura justifica o aumento, em 2004, de 267 para 445 CCs na Centralizada?
Vou repetir: é uma ofensa fazer essa pergunta? Porque aumentaram tanto o número
de CCs? De 267 CCs, na Centralizada, em 2004, para 445 CCs. E os estagiários? O
número, de 2005 para 2008, foi de 1.070 estagiários para 1.872, quase dobrou o
número. Estou falando na Centralizada, porque, contando a descentralizada, o
escândalo é maior; a CARRIS, então, é um escândalo... A EPTC e a PROCEMPA?
Outro escândalo. Eu vou dar os números aqui, para o povo de Porto Alegre saber.
Por isso tem grilo, Ver. Pancinha, eu já lhe expliquei. Digam para que servem,
o que vão fazer. Agora são 2.810 estagiários na Prefeitura, tem cabimento isso?
Eu
nunca recebi uma resposta, por exemplo, da PROCEMPA: certo dia os estagiários
completaram, vinte e três deles, dois anos de trabalho e, no dia seguinte,
estavam contratados na MD Segurança. Os senhores sabem de quem é a empresa MD
Segurança? Não sabem? Apareceu em todos os jornais da Capital. E aí como fica?
Qual a explicação? Então, nós queremos fazer esse verdadeiro debate. Queremos
fazer esse debate, tranquilo, sereno, olho no olho. Nós não queremos atrapalhar
o Pisa, porque, cada vez mais, Ver. Pancinha, eu me preocupo com a questão
ambiental e principalmente com a questão do esgotamento cloacal na Cidade.
O
Sr. João Pancinha: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Muito obrigado, Ver. Adeli
Sell. Vossa Excelência traz uma preocupação que é pertinente. Acho que devemos
investigar, acho que devemos perguntar, mas estamos “misturando alhos com
bugalhos”, se V. Exª me permite.
O
SR. ADELI SELL: Proibir
eu não posso, mas eu não misturo.
O
Sr. João Pancinha: Nós
estamos criando seis cargos que fazem parte do controle, da fiscalização e
execução da obra do Pisa, o Programa Integrado Socioambiental. Acho que devemos
pesquisar esse aumento, o porquê dele. Certamente alguma justificativa há;
agora, esses seis cargos são exigidos pelo Socioambiental, e, como V. Exª sabe,
é uma norma do Banco Interamericano. Muito obrigado pelo aparte.
O
SR. ADELI SELL: Eu é que
agradeço, porque dialogar é uma coisa importante, eu sou daqueles que acham que
têm que esgotar todas as questões. Agora, se a base do Governo e a Liderança do
Governo me explicarem as questões e as perguntas que eu coloquei aqui... Eu
também não costumo “misturar alhos com bugalhos”; não quero ser indelicado, mas
a função do Vereador, antes de qualquer coisa, é fiscalizar.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigado,
Ver. Adeli Sell.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, este debate, que tem
gerado tanta mistura, certamente ao final vai gerar alguns esclarecimentos -
certamente vai gerar alguns esclarecimentos! Por exemplo, nós temos que alertar
a companheira, ilustre Líder do Partido dos Trabalhadores, que pagar professor,
pagar médico, pagar enfermeiro é investimento, é investimento em Saúde, é
investimento em Educação, na pessoa humana. A rubrica de investimento que
trouxeram aqui ao debate é de obras, é de investimento em custeio, mas ninguém
falou na folha de pagamento, que, no caso do Magistério, no caso da Educação,
tem o peso maior, naturalmente, porque não se faz Educação sem professor, e,
para se investir em Educação, Verª Fernanda, tem que se contratar professor,
tem que se pagar professor. Para investir em Saúde, tem que se contratar
médico, tem que se pagar o médico e assim por diante. Então não misturem as
coisas.
Eu
quero dizer tranquilamente o seguinte: não acredito que os fatos passados, o
famoso “leite derramado”, possam modificar as situações presentes, mas
sinceramente... Eu lamento que o Ver. Adeli não esteja aqui no momento, não
gosto de me referir às pessoas quando elas não estão presentes. Ah, está aqui
presente o Ver. Adeli! Sinceramente, eu não acho motivo para estupefação
nenhuma saber que, para um Projeto da amplitude deste, que envolve quatrocentos
milhões de reais, se tenha que contratar seis pessoas para fiscalizar, para
coordenar e programar a sua execução. Eu quero dizer, tranquilamente, que sou
contra cabide de emprego. Sou, por convicção, contra. Mas, se houver tantos
outros projetos que, para serem executados no valor de quatrocentos milhões de
reais na área da Saúde Pública, na área de irrigação, na área de abastecimento
d’água, na área de tratamento de esgotos, se houver tantos outros projetos
viabilizados com esse recurso para a contratação de seis novos funcionários
temporários no Município, eu, desde já, comprometo o meu voto.
Porque, Ver. Haroldo de Souza, não é possível se
fazer um projeto dessa magnitude, que é interdisciplinar, que não é só do DMAE,
que não é só do DEP, que inclui o DEMHAB, que inclui vários outros órgãos do
Município, sem ter uma equipe, meu caro Ver. Tessaro, de coordenação. Ora,
poderia haver outra solução: o Município não precisaria pedir de forma
transparente a autorização da Câmara para essa contratação; ele poderia fazer,
Ver. Adeli, aquilo que V. Exª não gosta e que no passado muitas vezes foi
feito: contratação de serviço de terceiros e embutir isso no Projeto. Estaria
resolvido. Mas não é isso que se quer.
Por outro lado, até fora do Projeto em si, o meu
mais formal protesto: a alegação de que o Município esteja cometendo um crime
em aumentar o seu número de estagiários. O meu mais formal protesto. Acho que
um dos institutos mais relevantes que há é o do estágio, que proporciona a
vários jovens estudantes, universitários ou não, um custeio para que eles
qualifiquem as suas figuras, as suas pessoas para um futuro exercício das suas
profissões. Por isso o meu protesto. Eu quero, obviamente, dizer que reconheço
que, no jogo político, eventuais críticas são absolutamente aceitáveis, mas o
fato de nós compreendermos que as críticas são aceitáveis não quer dizer que
nós silenciemos. Ora, querer condenar a
Administração José Fogaça porque esta quer contratar seis pessoas para tocar em
frente, para coordenar, para realizar um projeto dessa magnitude, é um erro
político. Eu faço questão de comprometer o meu nome, a minha história com a
aprovação deste Projeto de Lei, porque quero dar ao Município os instrumentos e
o potencial humano necessários para fazer esse grande Projeto. Era isto, Sr.
Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigado,
Ver. Reginaldo Pujol.
A
Verª Maria Celeste está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu fico bastante
preocupada quando nós estamos tratando de um Projeto de criação de CCs na
Prefeitura. Aliás, é mais um Projeto; não é o primeiro e provavelmente não será
o último desta Administração. Eu tenho aqui a matéria do jornal Zero Hora de 17
de setembro de 2008 (Mostra o jornal.), quando o Prefeito dizia que haveria
redução do número de CCs na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Isto aqui é
mais uma cortina de fumaça promovida pelo Prefeito José Fogaça, como, aliás,
têm sido os projetos especiais que vêm para cá: sempre têm uma cortina de
fumaça por trás, uma outra intenção.
Eu
fico bastante preocupada, porque não só houve um aumento de 178 CCs na
Prefeitura administrada pelo Prefeito Fogaça, como certamente virão mais
projetos priorizando a contratação de Cargos de Confiança, e não o servidor
público do Município de Porto Alegre, cujo quadro teve uma redução de 501
servidores. Esta é a realidade, esta é a verdade sobre a Administração Fogaça:
prioriza a criação de CCs. Até porque, há alguns dias, nós vimos nos jornais da
Cidade que há um descontentamento de alguns Partidos, que precisam de mais e
mais cargos no Governo Fogaça. Talvez por isso a urgência de votar este
Projeto, mais uma vez de forma açodada aqui nesta Casa.
O
que nos preocupa também é que para a criação de apenas seis CCs - é que são
poucos no quadro da Administração Geral, como ouvi muitos aqui colocarem - não há sequer
uma especificação. Esses cargos são para quê? Ver. Valter Nagelstein, a lei
fala da criação de CC-8, CC-7, dois CCs-6, dois CCs-4. Qual é a especificação
para essa criação? Eu li a lei e não há a especialização, o critério... Se o
senhor tem a informação do Governo... No Projeto que aqui foi distribuído não
há essa especificação, há, sim, a denominação para os CCs. Então, alto lá!
Agora, os questionamos: por que não valorizar o quadro de servidores públicos?
Por que não valorizar o servidor de carreira que está ali? E no DMAE certamente
há muitos quadros técnicos competentes, funcionários que poderiam tratar dessa
matéria e que não são chamados.
Aliás, também há uma preocupação maior, porque há
poucos dias verificamos nos jornais matéria que o Prefeito fez questão de
colocar. Ele disse que, por conta da crise econômica internacional, haverá um
contingenciamento de 20% nas verbas de custeio da Prefeitura. Se há esse
contingenciamento necessário, se há necessidade de apertar os cintos, como
então vamos criar mais CCs para a Prefeitura de Porto Alegre? Parece-me que há
a necessidade de uma acomodação de cargos.
Eu não vou entrar na questão do aumento dos números
de estagiários, mas quero aqui entrar no debate do investimento. Houve, sim, na
média geral do Governo Fogaça, nos últimos quatro anos, uma redução dos
investimentos nas diversas áreas - na Saúde, na Educação. E, se é verdade o que
o Ver. Pujol coloca, que pagamento de funcionário conta no investimento, quero
dizer que nos dados do Anuário Estatístico colocados pela Prefeitura Municipal
não entra a Folha de Pagamento; entra, sim, a questão do recurso de
investimento. E nós verificamos que na Administração Popular havia valores
bastante significativos e que houve uma redução em torno de 35 milhões ao ano
no investimento da atual gestão em relação à Administração passada.
Portanto, estamos, sim, bastante preocupados; a
população também está preocupada. Quando tratamos o tema da Saúde, em que houve
uma redução no investimento, é porque batem aqui, na Comissão de Saúde da
Câmara, as questões do Pronto Socorro, como verificamos no ano passado - um
prédio completamente caindo, às ruínas, os ratos tomando conta; as equipes de
PSF que o Prefeito atual colocava que iria aumentar o número e não aumentou e
por aí vai... O Hospital da Restinga, enfim. O senhor e a senhora que estão em
casa sabem do que estou falando quando se fala em Saúde Pública no Município de
Porto Alegre. Portanto, o investimento caiu, sim, e este debate nós podemos
fazer, com certeza, neste Plenário quantas vezes o Ver. Pujol quiser. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigada, Verª
Maria Celeste.
O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para
discutir o PLE nº 029/08.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr.
Presidente, Ver. Toni Proença; Vereadores e Vereadoras, é importante nos
fixarmos aqui alguns números e alguns dados, porque aqui os números dançaram.
Já ouvimos tudo quanto foi número, e eu quero falar como alguém que coordenou o
Programa Integrado Socioambiental durante quatro anos, através da Gerência do
Engenheiro Duguay, que foi coordenador do projeto. Quinze pessoas fizeram parte
da equipe que estruturou o projeto, e todos eles eram do quadro da Prefeitura,
Ver. Mauro Zacher; todos! Isso é importante! E não significa nenhum preconceito
contra Cargo de Confiança, que também, muitas vezes, tem a sua validade.
Agora, é importante repor isso, porque foi um
trabalho gigantesco, a negociação com o BID, a negociação com o JBIC - que nos
atrasou inclusive dois anos, pois descobrimos que o JBIC tinha mais necessidade
de receber dinheiro emprestado do que emprestar dinheiro, o que nos obrigou a
direcionar a busca de recursos no BID, porque não existia financiamento
interno. O Fernando Henrique estava privatizando a água e o saneamento, essas
coisas todas existiram, e eu fiz parte, coordenei durante quatro anos o
projeto, e, felizmente, ele está aí, está grande, está com a maioridade.
É importante que se diga também que não são 80%,
90%; são exatamente 77% do esgoto a ser tratado, se todas as obras forem
feitas. Porque na Restinga, por exemplo, foi feita a obra de esgoto, mas não
foi prevista conexão às casas, portanto a obra está toda fora, está num
impasse. E 1% a mais ou a menos é significativo. Quando a Administração Popular
assumiu o Governo, em 1989, havia 2% só do esgoto tratado. Com o IAPI, a Cohab
Cavalhada e o IAPC, mais Arvoredo, Esmeralda e pequenas estações, foi elevado
para 27%, o que é significativo, aumentou em doze vezes. Agora, o Projeto
Socioambiental elevará para 77%, e o Projeto da Zona Norte, que nós já
autorizamos aqui nesta Câmara, pode elevar a 100%, mas cada um é uma etapa
diferenciada, é importante que se tenha isso em conta.
Por que a nossa Bancada critica a questão da
contratação de mais seis profissionais? E eu vi, no Projeto, que a proposta de
contratação é para as atividades de planejamento, supervisão, controle e
avaliação do Socioambiental. Portanto, é um gabinete adido ao Secretário de
Assuntos Estratégicos do Governo. Bem, podemos justificar: “É uma necessidade,
é importante, o Projeto é grandioso”. Realmente, é o maior Projeto da Cidade,
mas o problema é o seguinte, Líder do Governo: nós vivemos numa época de
recessão, de encurtamento de finanças, numa época em que os repasses oriundos,
por exemplo, do Governo Federal, por conta do IPI, estão sendo reduzidos
drasticamente. Estamos diante de uma crise mundial, portanto todo o recurso,
cada centavo do contribuinte, tem de ser criteriosamente gasto. Aliás, tem de
ser sempre assim, mas muito mais agora, quando estamos enfrentando uma crise
econômica sem precedentes!
Se conseguimos construir o Socioambiental com
pessoas do quadro, com engenheiros, técnicos, administradores, economistas -
funcionários que trabalharam diuturnamente pelo menos nos quatro anos em que
fiquei no DMAE -, não vejo justificativa para gastar mais dinheiro, Verª Maria
Celeste. Porque, na verdade, trata-se disto: nós temos muitos profissionais
altamente qualificados que podem desempenhar essas funções! Parece que nós não
estamos vivendo uma crise; parece que nós não estamos ante uma
dificuldade que é de proporções gigantescas, globais. É disso que se trata.
Portanto, o Governo poderia, sim, buscar uma solução caseira para isso. Não é
imperativo que tenha de ter seis CCs. Há pessoas lá, eu conheço, posso apontar
aqui um conjunto de profissionais para exercer essas atividades de
planejamento, de controle, de supervisão e de avaliação de um programa como o
Socioambiental. Digo que tem, porque, quando fui Diretor, foi assim que nós
fizemos e foi por isso que o Projeto chegou até aqui. Obrigado pela atenção.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Valter
Nagelstein está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08, por cedência de
tempo do Ver. Dr. Raul.
O SR. VALTER NAGELSTEIN: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, a Verª Maria Celeste perguntou por que não podia ser do Quadro, e, logo
em seguida, o Ver. Todeschini, que eu imaginei que conhecesse a matéria, se
soma e faz a mesma pergunta. Não pode ser do Quadro por uma única e óbvia razão
de ordem técnica. Eu imaginei que V. Exª conhecesse isso, porque foi Diretor do
DMAE. Se nós fazemos um acordo com o BID, como foi feito, não existe a figura
do fiscalizador da obra ser da própria Prefeitura, porque quem faz não se
fiscaliza, Vereador, essa é a regra mais comezinha. Isso foi uma exigência do
BID exatamente para isso, meu Vereador, são cargos que o BID pediu num
convênio, como já foi dito aqui, de 500 milhões de reais. Então, isso é óbvio.
Eu quero lamentar, porque nós íamos encaminhar a votação do seu Projeto,
Vereador, e vejo que essas manobras de V. Exas vão acabar por lhe
prejudicar. O Projeto é um projeto importante, nós estamos indo, avançando
nessas manobras diversionistas e protelatórias, e aqui se falou tudo. Eu não
vou nem responder as acusações, aliás, useiras e vezeiras do PSOL, porque o
PSOL é um Partido que nós sabemos, infelizmente, que não tem compromisso com nada,
nem com a verdade, porque joga, todos os dias, tudo o que seja possível -
farofa e por aí vai - no ventilador. Então, é sem compromisso, sem compromisso
com a verdade, faz todas as acusações infundadas, porque não é Governo, não
quer ser Governo e não tem compromisso nenhum com a verdade. Tem compromisso
com seus propósitos políticos revolucionários. Então, isso eu nem vou
responder.
Agora,
a Bancada do Partido dos Trabalhadores bem sabe fazer, bem sabe. Mas eu me
impressiono com o seguinte: mais sabem fazer oposição do que governar, porque,
se fossem coerentes, pelo menos, com o Governo, iam saber dessa história de
inchar a máquina pública. E eu nem trago aqui os números do Governo Federal,
Ver. DJ Cássia, porque lá, sim, é que nós vamos ver o que é inchaço da máquina
pública. Para que nós não nos percamos, Ver. João Pancinha, eu acho que esta
tribuna é muito boa, porque as pessoas se desnudam nela, as verdadeiras
intenções aparecem. Se eu dissesse que estão querendo atrapalhar o Programa
Socioambiental, que vai elevar para 90% o índice de esgoto tratado da Cidade,
por causa de seis Cargos em Comissão, o que foi uma exigência do BID, eu acho
que ninguém acreditaria nisso. Mas, na verdade, o projeto é este: nos retirar
do foco.
Então,
eu me valho deste livro, de que falei há pouco, porque expressa exatamente
isso. Eu quero dizer que a literatura consagra isso que estão fazendo aqui, e
não é de hoje. Diz o seguinte o filósofo (Lê.): “Talvez por pressentir essa
força é que o adversário maldoso busca sempre se desviar do centro das questões
para algum detalhe miúdo e periférico que possa, bem explorado, dar margem a
controvérsias sem fim; ou - o que dá na mesma - colocar alguma objeção
sabidamente tola, mas que não possa ser contestada sem longas e tediosas explicações,
ou, ainda, obrigar-nos, mediante resistências fingidas, às vezes sublinhadas
com emocionalismo teatral, a repetir mil vezes nosso discurso sob mil formas
diferentes, descendo a exemplos e detalhes cada vez mais elementares, até a
exaustão. Ele sabe que” - eles sabem que - “quanto mais tivermos de nos gastar
no esforço de provar ninharias, mais excitado ficará o nosso cérebro e mais
longe estaremos do centro do nosso coração. E este é o seu verdadeiro
propósito: tornar-nos iguais a ele, fazer de nós uns sonsos tagarelas,
irritados, maliciosos, revoltados, cínicos, sem consciência nem inteligência.
Uma vez neutralizada a diferença qualitativa que era nossa única superioridade,
ele pode nos vencer pelo mais simples dos expedientes: reúne meia dúzia de
comparsas e nos esmaga pela força do número” - ou pela claque que, duas por
três, enche as galerias da Câmara.
Eu
quero fazer um apelo aos Vereadores que estão nos gabinetes para que retornem
ao Plenário, e vamos votar. A Cidade precisa, é muito pequeno o espírito de
fazer política ou qualquer outro espírito de nós ficarmos obstaculizando essa
votação por causa de seis cargos, Ver. Paulinho, que são fundamentais para o
exercício de um trabalho que, para a nossa Cidade, é absolutamente
indispensável: sanear o nosso rio Guaíba. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Obrigado,
Ver. Valter Nagelstein.
O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ilustres
Vereadores e Vereadoras; Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; é um investimento
de meio bilhão de reais que vai tratar o esgoto de 50% desta Cidade, que
espera, há muitos e muitos anos, por isso - 73% do nosso esgoto é jogado in
natura no nosso querido lago Guaíba. Meio bilhão de reais a Prefeitura está
investindo em financiamentos e em contrapartidas, para fazer uma melhoria
grande na Cidade. E nós estamos aqui pedindo que seis técnicos trabalhem
durante o período do projeto, no acompanhamento, na fiscalização desse grande
projeto, que vai trazer inúmeras vantagens para a nossa Cidade - seis
funcionários.
Alguém
veio aqui e disse que vamos votar açodadamente. Pois é, eu estava vendo a data
em que veio o Projeto para esta Casa, foi exatamente em junho do ano passado,
16 de junho de 2008. Seis meses do ano de 2008 mais três meses e meio do ano de
2009 são mais de nove meses, está nascendo a criança - este é o tempo que o
Projeto está aqui nesta Casa. Então, não é açodado, são mais de nove meses de
tramitação nesta Casa, quando, realmente, agora, o Projeto vai funcionar, vai
ser aplicado.
“Ah,
nós poderíamos pegar funcionários para fazer isso.” Ora, senhoras e senhores,
nós sabemos da necessidade. Faltam engenheiros na SMOV, faltam engenheiros na
SPM, faltam biólogos lá na nossa querida SMAM, faltam médicos e enfermeiros no
Pronto Socorro. Por quê? Porque as pessoas trabalham durante trinta anos,
aposentam-se e precisam ser substituídas. Nós pedimos técnicos da Prefeitura
para acompanhar o Plano Diretor, praticamente não existem. Há uma carência de
funcionários.
Então,
seis técnicos irão tratar de fiscalizar, acompanhar a implementação desse
grande projeto. Olha, esse é um sonho! A Cidade tem 237 anos e tem somente 27%
do seu esgoto tratado. Nós vamos avançar, então precisamos de seis técnicos
temporários, por isso Cargo de Confiança, para acompanhar esse projeto de meio
bilhão de reais. Pois é, dizem que o Prefeito aumentou funcionários, mas eu
estou aqui com um assunto. Por exemplo, na Presidência da República, nós temos
1.750 empregados, sendo 67 diretores - quase igual ao Senado!
O
Sr. Ervino Besson: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nedel, agradeço o aparte
a Vossa Excelência. É uma exigência do projeto a contratação de CCs, cargos de
pessoas de alta competência que acompanhem o projeto, Vereador! É uma exigência
que está no projeto!
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Exatamente.
Quem é que vai discutir com o BID, com os organismos internacionais, na
prestação de contas? Quem é que vai fazer isso? Então, precisa-se de técnicos
especializados. Sem dúvida, o Prefeito conta com o nosso apoio para o progresso
de Porto Alegre, para tratar mais 50% do nosso esgoto cloacal, é uma questão de
desenvolvimento e, especialmente, uma questão de Saúde Pública.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Verª Maria Celeste está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08, por
cedência de tempo do Ver. Mauro Pinheiro.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, retorno a esta
tribuna, porque não posso me calar diante de algumas ameaças que a nossa
Bancada sofreu do Líder do Governo, quando fez, inclusive, uma ameaça ao Ver.
Carlos Todeschini, dizendo que não será votado o Projeto dele em função da
posição da nossa Bancada em relação a esse Projeto. Isso é inaceitável,
inadmissível, porque nós organizamos uma pauta de votação na Reunião de Mesa e
Lideranças; inclusive, fui derrotada nessa reunião, porque pedi um tempo maior
para verificação desse Projeto, coisa que não aconteceu, e está aqui a
discussão do Projeto. Portanto, em nome da verdade, Ver. Valter Nagelstein, que
gosta muito de vir para a tribuna com livros de poesia ou de filosofia, é
importante dizer que nós não aceitaremos ameaça nesta tribuna.
O
Sr. Valter Nagelstein: V.
Exª permite um aparte?
A
SRA. MARIA CELESTE:
Concedo-lhe um aparte, Ver. Valter Nagelstein, com toda a boa vontade.
O
Sr. Valter Nagelstein: Eu
quero lhe dizer que não fiz ameaça, estou falando algo que é óbvio. Se a
Bancada de V. Exª, melhor dizendo, insiste em manobras protelatórias, nós não
teremos tempo para votar o Projeto do Ver. Carlos Todeschini, que é meritório.
É só isso! Vai acabar a Sessão!
A
SRA. MARIA CELESTE: Não
venha com esse tipo de ameaças, nós podemos perfeitamente votar o Projeto do Ver.
Todeschini, depende da boa vontade do Plenário em se manter ou não. Não venha
com ameaças, porque nós não vamos tolerar isso.
Agora, em nome da verdade, que é isso que nós
estamos aqui trabalhando, querendo construir, nós pedimos mais tempo para
avaliar este Projeto, e não nos foi dado. Mais uma vez os Projetos do Governo
chegam a esta Casa de forma açodada, e nós podemos correr o risco de novamente
acabar levando para fora da Câmara Municipal o deboche de muitas questões, como,
por exemplo, na questão da Emenda do Pontal. Então, alto lá! Nós precisamos de
tempo para estudar os Projetos, para esclarecimento, para, de fato, sabermos o
que nós estamos votando.
Agora, as exigências do BID...
(Aparte antirregimental do Ver. Haroldo de Souza.)
A SRA. MARIA
CELESTE: Não, Ver. Haroldo, eu já lhe respondi isso e vou responder novamente.
Vou responder novamente! Nós precisamos de tempo para que todos os Vereadores,
e são 36 Vereadores comprometidos com a cidade de Porto Alegre, possam estudar
os Projetos, avaliar, organizar, propor, inclusive, emendas.
Agora, dizer aqui que foi uma
exigência do BID a contratação de CCs, isso não é verdade. Não é verdade! Exige
uma equipe que vá fiscalizar. Agora, CC vai fiscalizar? Essa é uma atribuição
do CC? O CC é contratado para um Cargo de Confiança, vai fiscalizar o quê,
mesmo? Vai fiscalizar a quem, mesmo? Não, isso é um pouco demais!
Nós estamos em plena crise
econômica, há contingenciamento na Prefeitura Municipal de 20% da verba de
custeio, isso significa serviço, significa que a capina na frente da sua casa
vai demorar para ser realizada - se for realizada. Significa que na questão da
Educação, nas escolas que precisam de investimento, também o recurso será
reduzido, como já falei, como coloquei.
Agora, eu também pedi que a Ver. ª Sofia pudesse
nos colocar, para bem da verdade, uma reflexão, assim como o Ver. Valter.
Gostei de o Ver. Valter ter trazido uma reflexão. E aqui eu quero fazer uma
reflexão. Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho
estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando
levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e,
surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse: “Oh, bucéfalo
anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro
de profanares a minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.
Se fazes isso por necessidade, transijo; mas, se é para zombares da minha
elevada condição de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala bem no
alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima
potência que o vulgo denomina nada”. E o ladrão, confuso, disse: “Dotô, eu levo
ou deixo os pato?" Fica esta
reflexão também: nós vamos apoiar CCs em plena era de contingenciamento de
recursos na Prefeitura, ou não? (Palmas.)
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Fernanda Melchionna está com a
palavra para discutir o PLE nº 029/08, por cedência de tempo do Ver. Pedro
Ruas.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sras Vereadoras e Srs.
Vereadoras, volto a esta tribuna depois da nossa primeira intervenção, muito
respeitosa, evidentemente, tratando dos aspectos políticos e econômicos da
cidade de Porto Alegre. E voltamos justamente pela postura inepta, autoritária,
arrogante e chantagista da Liderança do Governo, quando usou esta tribuna e
ousou falar do PSOL, ousou citar o nosso Partido. Essa mesma Liderança vai
fazer com que o Prefeito Fogaça sofra a pena da nossa intervenção política
aqui, porque, muitas vezes, Valter Nagelstein, quando dos Projetos meritórios,
como no Veto à Emenda da Arena do Grêmio, nós apoiamos a posição do Prefeito;
muitas vezes reconhecemos atitudes meritórias e viemos à arena política debater
na tribuna da Câmara Municipal.
Entretanto,
o Líder do Governo ousa questionar o PSOL; o Líder do Governo, que é do PMDB. O
PMDB do Jarbas Vasconcelos, que disse que esse Partido é uma vergonha nacional
- palavras do Jarbas Vasconcelos, do seu Partido, não do meu -; PMDB, que o
Jarbas Vasconcelos bem lembrou na sua entrevista, que disputa cargos para
distribuir favores para os seus amigos, mas que talvez o Ver. Valter Nagelstein
não conheça. O PMDB do Renan Calheiros, Senador corrupto da República, Senador
que desviava dinheiro público de licitação fraudada para pagar as suas benesses
pessoais e que continua Senador da República fazendo dobradinha, Ver. Valter
Nagelstein, com o Collor de Mello, que é o principal aliado do Renan Calheiros
lá no Senado da República! O PMDB da Roseana Sarney: encontrou-se um milhão de
reais na casa dela e do marido! O PMDB, que talvez o senhor não lembre, do
Jader Barbalho, e o senhor nada sabe...! O PMDB do José Sarney, Ver. Valter Nagelstein,
que criou 70% dos cargos, que consomem 18 mil, cada cargo, no Senado Federal
para fazer autógrafo para o Senador! O PMDB que faz parte nacionalmente - é uma
pena que os outros Vereadores tenham que ouvir pelo Líder do Governo - dessas
maracutaias políticas que a gente vê em nível nacional, estadual e municipal; o
PMDB das negociatas, que, junto com uma gangue, mostra muito bem o que
representa esse Partido nacionalmente.
Por
isso vim aqui dizer que V. Exª lave a boca para falar do PSOL, porque eu tenho
orgulho de ser do Partido Socialismo e Liberdade; tenho orgulho de ser daqueles
que não se venderam e não se renderam à lógica do capital, que não aceitam os
joguetes e as maracutaias políticas com o dinheiro público, com o dinheiro do
povo. Tenho orgulho de ser do Partido da Heloísa Helena, brava guerreira, brava
lutadora, que desmanchou, lá no Senado da República - talvez o senhor não
lembre -, um dos principais líderes do seu Partido, o Renan Calheiros,
denunciando tudo o que ele representa, todo o desvio de dinheiro público que
ele representa em nível nacional, daqueles que montam os esquemas e as
negociatas lá no Senado, junto com os Governos sucessivamente.
Tenho
orgulho, Ver. Valter Nagelstein, de ser do Partido da guerreira e lutadora
Luciana Genro e do Pedro Ruas, que têm coragem, sim - ainda bem que têm coragem
-, de fazer o que muitos e muitas gostariam de fazer pelo nosso Rio Grande do
Sul, que é desmascarar e denunciar um Governo corrupto que se locupleta com a
verba do povo, com os impostos de todos para construir as suas mansões, para
enriquecer, para beneficiar seus amigos partidários e políticos das empresas
privadas que usam do dinheiro do povo para se locupletar.
Sr.
Valter Nagelstein, o senhor deveria pelo menos refletir sobre a sua péssima
postura como Líder do Governo, porque compromete, inclusive, a intervenção do
Prefeito Fogaça nesta Casa. E lamentavelmente vamos ter que sair um pouco do
debate dos CCs, que é muito importante, e do Socioambiental, para discutir um
pouco de política nacional, porque talvez lhe falte memória. Sugiro cartilagem
de tubarão, dizem que faz bem para a memória.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Só
para agregar: o BID, Verª Fernanda, exige apenas a implantação de uma unidade
executora do Projeto; não está determinado a contratação de CCs. Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Srs.
Vereadores, a Presidência sempre acha que a tribuna é um local sagrado e de
grande riqueza, mas quero lembrar que nós estamos discutindo o Programa
Socioambiental, portanto peço que se atenham ao assunto.
O
Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para discutir o PLE n° 029/08.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr.
Presidente, Vereadoras e Vereadores, Ver. Valter Nagelstein, o senhor é
autoritário, arrogante e agressivo - quem disse isso ao senhor foi a Verª
Fernanda Melchionna. Mas... logo quem?! Sobre o Pontal do Estaleiro, a Verª
Fernanda já disse a que veio nesta Casa. E “quem fala demais dá bom-dia a
cavalo”. Ela sobe a esta tribuna três, quatro vezes por dia para falar sobre
todos os assuntos. É a bambambã! Fantástica! O PSOL é o único Partido cheio de
moral e de ética! Já há uma história anterior a respeito disso: um tal de
Partido dos Trabalhadores. Mas quem é a senhora para falar de Renan Calheiros, quando
nós próprios, do PMDB, já o condenamos, e a José Sarney, e a Roseana?! A
senhora não precisa fazer plenário para isso! Não, não precisa! Eu estou
aguardando quando o PSOL vai “apear do cavalo” também. Com todo o respeito ao
meu querido Pedro Ruas, eu, todos nós, a sociedade do Rio Grande do Sul,
Fernanda Melchionna, Vereadora, ainda estamos esperando pelas provas das
denúncias que foram feitas sobre o Governo corrupto da Yeda.
(Aparte
antirregimental.)
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: É
isso que nós estamos esperando também, para que realmente o PSOL seja um
Partido de denúncias, mas não de denúncias vazias! Agora, esse não é o mérito
da questão no presente momento, não é! Porque nós temos Renan Calheiros, mas o
PT tem Zé Dirceu; nós temos Roseana Sarney, e o PT tem Delúbio Soares, Antonio
Palocci e que tais. A senhora veio para debater...
(Aparte
antirregimental da Verª Maria Celeste.)
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Antonio
Palocci também, sim, que usou um pobre coitado de um guardião, sei lá, um
zelador - puxa vida, isso é um terror! E este Plenário hoje se virou para uma
disputa política única e exclusivamente. Aquilo que vocês não fizeram quando
estavam no Governo... E, quando eu falo em PSOL e PT juntos, é porque são
iguais! Quando vocês estavam no Governo, vocês não se preocuparam a respeito do
esgoto da cidade de Porto Alegre! Vocês nos entregaram com 27% de atendimento.
E agora que quer se atender, com esse empréstimo do BID, para subir um pouco
mais, pensando no rio Guaíba e no aspecto ambientalista, que a senhora tanto
defende... Nós estamos aqui com dificuldades em aprovar um Projeto para termos,
sim, meia dúzia de CCs, mas de técnicos. Não são CCs políticos. O PSOL nunca
usou disso.
E
eu sou um cara tão sério, tão justo nas coisas, que eu vejo, no presente
momento, Ver. Pedro Ruas, o PSOL como único Partido no momento que teria moral,
sim, para falar dos demais Partidos. Mas, em função da sua aliança e da sua
permanente presença ao lado do Partido dos Trabalhadores, que é absolutamente
igual aos demais Partidos deste País.... Todos os Partidos são rigorosamente
iguais. O meu PMDB, o PT, o PDT, o PTB, todos nós somos rigorosamente iguais.
Agora, não podemos misturar as coisas, como negar à Prefeitura esse Projeto,
que deseja, para o futuro, ver o rio Guaíba totalmente despoluído. E começa por
aí, é um Projeto que envolve 500 milhões de reais. Qual é a dificuldade?
Agora,
para vocês que nos acompanham em casa pelo Canal 16, e eu vou dizer uma
coisinha para a Verª Maria Celeste: quando éramos oposição nesta Casa, não
agíamos assim. Eu participo - porque sou Líder do Partido - das reuniões de
Bancada e das reuniões de Lideres. A Verª Celeste, Líder da Bancada do Partido
dos Trabalhadores, jamais aceita que um Projeto venha para a Ordem do Dia para
os debates. Sempre vocês, do Partido dos Trabalhadores, precisam olhar um pouco
mais o Projeto, porque vocês são os donos absolutos da ética e da moral! Por
favor, isso está começando a cansar. E isso cansa, porque, indiscutivelmente,
quando vocês estiveram no Governo, vocês asfaltaram a periferia de Porto
Alegre, mas deixaram o esgoto a céu aberto. E aí vêm aqui contar história a
respeito de saúde, de ambiente, de moral do PMDB!? Levante o dedo quem
realmente tem moral para falar, mas numa boa, sem demagogia. E não esqueça,
Verª Fernanda Melchionna, esta Casa não é uma casa de brincadeira, a
senhora não está em uma casinha de boneca. E “quem fala demais dá bom-dia a
cavalo”. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para discutir o PLE nº 029/08, por
cedência de tempo da Verª Sofia Cavedon.
O
SR. PEDRO RUAS: Sr.
Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
não é da boa técnica legislativa que nós passemos a um debate de nível
partidário mais profundo, na medida em que, para isso, temos dias e momentos
específicos. Temos um debate sobre o Projeto, e não precisamos ter,
obrigatoriamente, a mesma opinião. Mas, na medida em que o Líder do Governo, o
Ver. Valter Nagelstein, vem aqui e coloca temas relativos ao PSOL, Partido do
qual sou Líder, e vem o Ver. Haroldo de Souza e faz referências duras e
injustas à Verª Fernanda Melchionna, por óbvio temos que nos manifestar,
Presidente, e colocar as coisas como efetivamente são. Quem quer aprovar um
projeto não busca esse tipo de artifício e, se buscar, vai ter sempre
dificuldades.
Eu
respeito o Ver. Haroldo de Souza como respeito o Ver. Valter Nagelstein, como
respeito todos os Vereadores e as Vereadoras desta Casa, porque não são de
escolha minha, são de escolha da população de Porto Alegre. Então, todos têm o
meu respeito. Mas quando vêm aqui colocar temas em relação às provas da questão
Yeda Crusius... O Vereador sabe, essas provas estão no Ministério Público
Federal e estão indo para Santa Maria, ou até já estão lá! O que isso tem a ver
com o que estamos debatendo nesse momento? Porque, se tiver, nós vamos debater
mais temas aqui, e os Vereadores e as Vereadoras são testemunhas de que sequer
esse tema temos usado na tribuna para referir, para nos manter exatamente, Ver.
Sebastião Melo, nos limites da nossa competência legislativa municipal. Não
temos utilizado a tribuna para referir esses temas da política estadual e
nacional porque utilizamos outros foros, em respeito à nossa atividade e
obrigação, aqui, como Vereadores. Mas não fazemos isso por medo, fazemos por
respeito à nossa condição de Vereadores, para tratarmos dos temas relativos a
Porto Alegre especificamente. Não venham colocar temas partidários nacionais,
estaduais e, particularmente, colocar em xeque a atuação de uma Vereadora que
tem a mesma legitimidade de todos aqui, a mesma! Todos os Vereadores e
Vereadoras daqui são iguais em direitos e prerrogativas.
(Aparte
antirregimental.)
O
SR. PEDRO RUAS: E
obrigações, é claro.
Eu
nunca disse aqui que era, dos atuais detentores de mandato nesta Casa, o mais
votado. Isso não interessa. Nunca falei isso! Então, não venham questionar, não
venham questionar a atuação, os direitos, as prerrogativas, as obrigações de
qualquer Vereador. A posição nossa contra ou a favor a qualquer projeto é
absolutamente legítima e não o autoriza, Ver. Valter Nagelstein, a questionar o
nosso Partido como o fez. Não foi uma forma correta, não foi uma forma cortês;
assim como não foi cortês o Ver. Haroldo de Souza fazer reprimenda, fazer
admoestações à Verª Melchionna, em relação às quais não tem qualquer direito.
Nós respeitamos, sim, todos os Vereadores, todas as Vereadoras e o Prefeito
também, mas temos ciência e consciência do nosso papel. E, se temos respeito...
Repito: não temos medo, temos respeito. Então, respeitem-nos e serão
respeitados. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para discutir o PLE n° 029/08.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, eu serei breve, até
porque sou o último. Quero dizer que sou favorável ao Projeto que cria seis
Cargos em Comissão para tratar deste grande Projeto, que é o Socioambiental. Na
verdade, Porto Alegre dará um passo fundamental e significativo quando da
execução do Projeto. Daí por que me inscrevi, pois o Ver. Haroldo de Souza
disse que o Governo anterior não teria feito nada com relação aos esgotos. E a
mim coube a questão do esgoto pluvial em Porto Alegre, e ao Ver. Todeschini o
esgoto cloacal e a água do Município. O Projeto que estamos discutindo agora
teve seu começo lá na Administração em que o Ver. Todeschini comandava o DMAE,
e eu comandava o DEP. O Projeto é positivo, necessário. Nós, da oposição, se
votarmos favoráveis, estaremos dando um passo para dizer da importância do
Projeto e da importância da estruturação da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre no sentido de agilizar e dar andamento ao Projeto. Eu fiz questão de
estar aqui exatamente para dizer o porquê da minha posição. Claro que respeito
posições adversas, mas acredito que seria importante que votássemos todos
favoravelmente a ele.
O
Sr. Carlos Todeschini: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado pelo aparte, pelo
reavivamento da memória, em especial ao Ver. Haroldo, que fez uma manifestação
eu creio que infeliz, não tendo a informação de, quanto foi trabalhado, nos
quatro anos em que estivemos em conjunto... O Ver. Ferronato estava na
Direção-Geral do DEP; eu estava pelo DMAE, e nós conseguimos pôr de pé o
Projeto, o que não foi fácil. Então, ele só andou até agora, porque houve um
trabalho intensivo. E quero só referenciar que economizamos mais de cinco
milhões de reais utilizando as equipes da Prefeitura, equipes que são muito
profissionais e muito competentes. O senhor é testemunha disso.
O
Sr. Haroldo de Souza: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só queria fazer uma
colocação. Se tudo isso começou na época do Todeschini, então por que não votamos
esse Projeto até o presente momento?
O Sr. Valter Nagelstein: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero cumprimentar V. Exª e só fazer uma pequena referência histórica,
que é a seguinte: no ano de 2000, eu fui candidato em Porto Alegre e estudei de
forma exaustiva o Orçamento da Cidade. Eu lembro que, infelizmente - não é
responsabilidade sua -, o DEP, que era o Departamento de Esgotos Pluviais, e V.
Exª me conteste se eu não estiver falando a verdade, tinha o menor orçamento entre
todas as Secretarias da Cidade. Portanto, havia, sem dúvida, uma carência. Mas,
para além disso, eu quero o cumprimentar, porque V. Exª dá um exemplo de
conduta política, de hombridade, de dignidade, para nós passarmos por cima das
picuinhas políticas e avançarmos naquilo que, de fato, é importante para a
sociedade. Parabéns, Ver. Ferronato; cada vez mais admiro V. Exª e os seus
exemplos.
O SR. AIRTO FERRONATO: E volto a registrar: voto
favoravelmente pela importância, pela grandeza do Projeto e pelo que vai
representar para a cidade de Porto Alegre. Acredito que uma votação unânime
desta Casa daria a compreender à cidade de Porto Alegre que nós estamos atuando
na busca de agilização deste Projeto, que é uma obra extraordinária para a
Cidade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo):
Houve dezoito manifestações sobre o tema. Eu dou por encerrada a discussão.
Em
votação o PLE nº 029/08. (Pausa.) A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para
encaminhar a votação do PLE nº 029/08.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, nós temos noção da dimensão desse empreendimento
do Socioambiental, Ver. Nagelstein, conjunto de Vereadores e população que nos
assiste. E sabemos que é necessária uma boa equipe e competente. Nós nos
espantamos na verdade é com o atraso dessa obra, com as respostas que não
obtivemos até então - são cinco anos perguntando, com Pedidos de Informações
sem respostas - e com o espantoso crescimento dos Cargos em Comissão na cidade
de Porto Alegre. São essas questões, Ver. Airto, que não nos permitem votar
favoráveis. Eu vou retomar porque isso fundamenta, Ver. Haroldo, a posição do
PT.
Houve
uma redução, nos últimos quatro anos, de 510 servidores na Prefeitura de Porto
Alegre, do quadro próprio. Vejam, nós estamos com contratos temporários na
Educação por incompetência na realização do concurso. Nós tivemos um aumento,
na Centralizada, de 267 para 445 CCs. O Governo Fogaça reduz funcionário do
quadro e aumenta o número de CCs - isso na Centralizada. O aumento do número de
estagiários é quase o dobro; o uso de estagiários na Prefeitura de Porto Alegre
é importante, mas tem de ser supervisionado, acompanhado por profissionais, por
adultos. Em 2005 eram 1.070 estagiários e, em 2008, passou para 1.872, isso na
Centralizada; se considerarmos o total, são 2.810.
A
crise chegou, e o Governo Fogaça anuncia medidas de contingenciamento, Ver.
Haroldo, que eu sei que é muito coerente nas suas posturas. Na Educação, foram
reunidos os Diretores de Escola, e foi avisado: “Nós vamos reduzir 20% do
Orçamento da Educação”. Então, de um lado, há quase duzentos CCs a mais no
Governo Fogaça, duzentos CCs! E nós temos a mais do que a Administração
Popular... Muitas vezes escutamos Vereadores subindo aqui e falando da “cecezada”
do PT, e agora quero que falem da “cecezada” do Fogaça, serão duzentos CCs a
mais na Prefeitura de Porto Alegre em tempos de crise.
Nós
denunciamos, na semana passada, um milhão de reais, “na ponta do lápis”, um
valor gasto com propaganda eleitoral. Aí, se pegarmos os investimentos em áreas
importantes: redução de 41,5 milhões de reais, ao ano, de recursos em obras e
viação; 3,7 milhões de reais a menos na habitação; 5,2 milhões de reais, ao
ano, de queda nos investimentos com a Saúde. E temos que escutar os argumentos
aqui envolvendo a Saúde, o lixo, para criar cem CCs para desenvolver o
Socioambiental!? Nós estamos tratando seriamente o tema do Socioambiental,
porque queremos que limpem o rio Guaíba.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A
Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação do PLE nº
029/08.
A
SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, evidentemente, pela nossa intervenção
aqui na tribuna e pela coerência, que é a marca política do nosso Partido, nós
não temos como votar a favor deste Projeto. Os argumentos, tanto do ponto de
vista político como econômico, foram bastante esmiuçados durante o nosso
debate, quando o debate não descambou para o desrespeito por parte de alguns
Vereadores. Acho que alguns dados assustam do ponto de vista da ampliação da
Prefeitura e dos cargos, ou seja, do exercício da Prefeitura por intermédio dos
Cargos de Comissão, com os dados que a Maria Celeste nos trouxe, da quase
duplicação do número de CCs no Município de Porto Alegre, o que envolve,
evidentemente, um aumento de gastos enormes.
Nós
podemos também lembrar da política da Prefeitura com relação aos órgãos
públicos municipais; a política de terceirização dos serviços públicos, como a
gente vem vendo no DMLU, por exemplo, na medida em que os funcionários se
aposentam. A política é de terceirizar, muitas vezes, para cooperativas de
fachada, que, como a gente sabe, não garantem os direitos trabalhistas, e já
foi tema bastante discutido nesta Casa, inclusive encaminhamos e votamos um
Projeto que melhora a questão das cooperativas, mas que ainda é uma batalha que
temos que travar. E vejam a contratação de professores temporários, uma prática
ainda inexistente na cidade de Porto Alegre, mas que a Prefeitura, no ano de
2009, começou a fazer, e já é prática corriqueira no Governo do Estado, o que
faz com que as escolas estaduais, dentre outras coisas, estejam no caos da
Educação, algo à que estamos assistindo agora.
Então,
do ponto de vista do tratamento, da valorização do funcionalismo público
municipal, do concurso público, já é uma coisa alarmante, já são dados
alarmantes. Do ponto de vista do gasto que a Prefeitura tem, vemos o gasto
excessivo com publicidade, fazendo propaganda e dizendo que fez, em vez de
gastar dinheiro para fazer de verdade, como um milhão de reais gasto, em dois
dias, em publicidade no jornal Correio do Povo e em outros jornais do Estado. E
também é alarmante o valor gasto com Cargos de Confiança, são 30 milhões de
reais anuais, e todos sabem o que significam trinta milhões de reais, de
impacto, para o Município, na hora de fazer projetos sociais, na hora de
investir na Educação, na hora de asfaltar uma rua, na hora de melhorar o posto
de saúde.
Nós
não podemos aceitar a lógica da proliferação dos Cargos de Confiança! Isso não
desmerece, de maneira nenhuma, o Projeto Socioambiental, que, como eu falei
anteriormente na tribuna, é um ótimo Projeto para tratar o esgoto do Município.
Ele é ótimo, o problema é que está parado. Por isso temos que fazer com que a
Prefeitura o coloque em prática. Agora, colocar em prática usando o argumento
de que para começar o Projeto tem que ter CCs, não dá. Não dá, porque a
Prefeitura já possui muitos CCs; não dá porque a Prefeitura já tem muitos
funcionários no DEP, no DMAE e na SMAM; não dá, porque aí orienta toda a lógica
da Prefeitura através dos CCs, que, como eu falei, nós sabemos que na política
eles são usados como cabides de emprego, como forma de devolver favores para os
outros Partidos, ou por meio dos estágios, porque também é um problema a forma
como é colocada a seleção dos estágios.
Então,
quero encaminhar, evidentemente, o nosso voto contrário ao Projeto de criação
de mais seis CCs, pelos gastos, pela lógica de expansão da Prefeitura, pela
precarização do serviço público e porque eu acho que os argumentos têm que ser
melhor desenvolvidos aqui, não se pode condicionar um Projeto da Prefeitura a
criar mais Cargos em Comissão, quando temos milhares de funcionários públicos
para respeitar, para valorizar, para chamar para o debate, para execução e
fiscalização, junto com a Prefeitura, do Socioambiental. E porque nós temos uma
dívida histórica com a cidade de Porto Alegre no sentido de abrir novos
concursos para valorizar o serviço público, porque este é feito por algum
funcionário que está lá, que atende à população em qualquer lugar, no posto,
seja administrativo, e que para isso tem que ser valorizado, tem que ser
ampliado, inclusive, o número de funcionários municipais para que se tenha um
serviço público de qualidade e que atenda à população de Porto Alegre.
(Não
revisado pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
votação nominal, solicitada pela Verª Maria Celeste, a prorrogação da Sessão
por mais duas horas. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADA por 30
votos SIM.
O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para
encaminhar a votação do PLE nº 029/08.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, ao longo do tempo não faltou empenho e não faltou boa
vontade da nossa Bancada para apoiar o Projeto, tanto é que, quando ele veio
para cá, com um valor, Ver. Airto Ferronato, que concluímos na equipe de
trabalho, de 345 milhões de reais, hoje, depois de oito modificações, ele está
em 550 milhões de reais. A última modificação aconteceu em dezembro, em que
veio aqui uma equipe do DMAE, o Supervisor Valdir Flores, pedir alteração, e
ele hoje é coordenador do Projeto.
Também quero dizer que, quando Diretor do DMAE,
tive o encargo de preparar o Departamento para que as tarifas fizessem a
sustentação do Projeto, pois não havia perspectiva de financiamento, nem no
JBIC, muito raramente no BID, e não havia nenhuma possibilidade de o Fundo de
Garantia, operado através da Caixa Econômica, do Setor de Saneamento, ter
recursos para tanto, porque o Brasil estava completamente falido, não havia
dinheiro para nada. O Ferronato é testemunha. Comente aí com o seu colega
Pujol, que veio criticar o Governo Lula. Se fosse pelos Governos anteriores, a
água e o saneamento teriam sido privatizados, e não havia financiamento nem
para habitação, nem para água, nem para saneamento, tinha tudo sido entregue
para a iniciativa privada, ou para o Banco Mundial, ou para os agiotas
internacionais, que quebraram a bolsa. Esta era a política, e isso é que mudou,
felizmente.
Agora temos financiamento, e a Caixa vai entrar com
49% do financiamento, ou 51%, e o BID entrará com o restante para inteirar os
550 milhões de reais, ou seja, o valor é de 250 milhões de dólares, é o maior
Projeto da história de Porto Alegre. Mas isso não nos obriga - não é
sectarismo, não é oposição cega - a ter opinião sobre os assuntos. Por exemplo,
eu considero que foi completamente equivocado doar os bônus-moradia como foram
doados; aliás, eu fiz duas Emendas, à época, que foram derrotadas. Por que
isso? Porque, em vez de se produzirem duas mil unidades habitacionais, gerando
emprego, renda, movimentação no comércio, foram dados até 40 mil reais em
bônus-moradia, e as pessoas saíram não sei para onde; não há a fiscalização
devida, há negócios suspeito aí, e isso não gerou nada. Portanto 70 milhões de
reais de dinheiro público foram mal-empregados, foi um péssimo negócio. Ninguém
vai me dizer que eu não posso ter opinião sobre esse assunto, eu a tenho, e ela
é muito dura: foi um ato equivocado do Governo doar até 40 mil reais para cada
família ali cadastrada. Poderiam se produzir duas mil unidades habitacionais
com esse dinheiro, mas não foi, Ver. Ismael, que fez muitos Projetos para a
construção de casas.
E Porto Alegre tem um déficit de 50 mil habitações
populares, poderia ter 48, mas o que se fez? Se doou dinheiro, um pobre foi
desalojado, foi para a periferia para piorar um pouco de vida, enquanto esse
que está remediado foi para uma casa e nem é de Porto Alegre, obrigatoriamente,
pode ser de Viamão, Alvorada, Santa Maria, Santa Rosa, Uruguaiana, de qualquer
lugar do Rio Grande do Sul. E quem fiscaliza? Isso não está sendo fiscalizado!
É equivocado! Assim como ninguém pode me tirar a opinião de que é equivocado e
desnecessário contratar mais seis Cargos em Comissão para gerenciar o Projeto,
porque é exigido pelo BID uma unidade de gerenciamento, Unidade Executora do
Projeto. Portanto essa unidade pode ser composta, sim, por profissionais de
carreira, que são muitos e bons no Município de Porto Alegre. Essa é a questão.
E parece que o Líder do Governo não entende essas
questões, pois são questões de mérito, questões de opinião, questões do
entendimento de como pode ser melhor valorizado o dinheiro público, que é de
todos nós; o dinheiro da sociedade, dos contribuintes de Porto Alegre, assim
como o bom reconhecimento que merecem os nossos funcionários, porque são
excelentes e não estão devidamente valorizados. Obrigado pela atenção.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar a votação do PLE nº 029/08.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, tenho bem consciência do que estou votando agora, no presente
momento. Hoje, num pronunciamento feito em Grande Expediente, fiz críticas ao
Governo do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, as quais eu mantenho. Só não vou as
reproduzir agora porque não está em discussão esse problema, como não está em
discussão a maioria das coisas que foram colocadas neste momento.
Aqui a grande preocupação é que estão se criando
seis Cargos em Comissão. Parece que esse é um pecado mortal! Eu cheguei até a
dizer que a criação dos seis Cargos em Comissão foi uma opção que o Governo
fez, porque não quer aumentar o número de terceirizados, como era comum se
fazer antigamente, quando se contratava uma empresa para que ela desenvolvesse
um projeto. E lá iam os cargos sendo constituídos a critério deles. Querem, com
Cargo em Comissão, colocar pessoas em confiança para desenvolver o maior
Projeto que já foi desenvolvido na cidade de Porto Alegre, na área de
saneamento. E isso justifica a criação dos seis Cargos em Comissão. Ora, dizem:
“Não, mas teriam de ser cargos efetivos”. Não! Olha aqui, é um cargo
temporário, quando terminar o Projeto, terminou o cargo! Então, não pode se
contratar alguém em definitivo, porque, quando terminar o Projeto, ele não vai
ter o que fazer, porque é específico para essa finalidade!
Eu tenho a impressão de que estou falando não sei
nem por que, todo mundo sabe que é assim! O resto é discurso. E eu acho que
todos têm o direito a ter o seu discurso, as suas posições, o seu jeito de
fazer oposição. Alguns são extremamente equilibrados e se curvam para a
realidade; outros não, fazem a oposição pela oposição. Façam um bom proveito.
Agora, eu tenho um bom Projeto, um excelente Projeto, voto com ele, comprometo
a biografia com ele pelo bem da cidade de Porto Alegre. É só isso.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Não
havendo mais encaminhamentos e não havendo Emendas, coloco em votação o
Projeto.
Em
votação nominal, por solicitação de vários Vereadores, o PLE nº 029/08.
(Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 23 votos SIM e
09 votos NÃO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC. Nº 7923/07 - PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 024/07, de
autoria do Ver. Carlos Todeschini, que institui o Programa de Substituição
Progressiva da Utilização do Óleo Diesel Convencional e da Mistura Óleo
Diesel/Biodiesel – B2 – pelo Biodiesel – B100 – nos Ônibus e nos Lotações do
Sistema de Transporte Público de Passageiros de Porto Alegre e dá outras
providências.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Valdir Caetano: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto;
-
da CEFOR. Relator Ver.
Elias Vidal: pela aprovação do Projeto(empatado);
-
da CUTHAB. Relator Ver.
Ervino Besson: pela aprovação do Projeto;
-
da CEDECONDH. Relator Ver.
Engenheiro Comassetto: pela aprovação do Projeto;
-
da COSMAM. Relatora Verª
Neuza Canabarro: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 82, § 1º, I, da LOM.
O
SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em
discussão o PLCL nº 024/07. (Pausa.)
O
SR. CARLOS TODESCHINI (Requerimento): Solicito
adiamento da discussão do PLCL nº 024/07 por uma Sessão, para que possamos
discuti-lo com mais tempo. Também solicito que ele seja incluído como primeiro
Projeto a ser apreciado na Ordem do Dia de quarta-feira.
Em
votação nominal, solicitada pelo Ver. Valter Nagelstein e outros, o
Requerimento do Ver. Carlos Todeschini, que solicita adiamento da discussão do
PLCL nº 024/07 por uma Sessão, e que ele seja o primeiro Projeto a ser
apreciado na próxima Sessão de quarta-feira. (Pausa.) (Após a apuração
nominal.) APROVADO por 19 votos SIM e 08 votos NÃO.
Apregoamos
Emenda nº 01 de Liderança ao PLCL nº 024/07.
Em
votação Requerimento de autoria Ver. João Carlos Nedel, solicitando dispensa do
envio da Emenda de Liderança nº 01 ao PLCL nº 024/07 às Comissões da Casa.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em
votação Requerimento de autoria do Ver. João Carlos Nedel, solicitando retirada
de tramitação do PLCL nº 005/05. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos
às
O
Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Sr.
Presidente, Ver. Melo; demais Vereadores e Vereadoras, falo agora no período de
Comunicações, porque nós vamos aprofundar, na quarta-feira, a discussão do
Projeto sobre o uso e ampliação da mistura do biodiesel. Mas eu queria retomar
aqui um assunto que é considerado, pelo menos por mim, bastante sério: os
congestionamentos ocorridos ontem no Estado do Rio Grande do Sul. Isso,
evidentemente, afeta Porto Alegre, porque muitas pessoas daqui sofreram pela
falta de atenção e pelo descuido promovido pelo DAER e pelas concessionárias e
gerenciadoras das rodovias estaduais e federais do Rio Grande do Sul. São
inaceitáveis, por exemplo, quando a gente enfrenta uma situação de risco
ambiental, de aumento da poluição, os congestionamentos, como os ocorridos no
dia de ontem. Na chegada aos pedágios, a velocidade dos veículos não era de cinco
quilômetros por hora. Foram quatro, cinco, seis, oito, dez quilômetros de
congestionamento, deixando milhares de pessoas presas por uma hora, consumindo
combustível e emitindo mais gases poluentes.
Mas,
de outro lado, o que nós vimos? A Governadora do Estado viajou e não repassou o
cargo sequer ao Vice-Governador, nem ao Presidente da Assembleia Legislativa!
Então, nós ficamos praticamente quatro dias no Rio Grande do Sul à deriva, sem
autoridade responsável. Eu não acredito nesta desculpa de que a Governadora,
não sei de onde - não sei qual o lugar que ela foi aos Estados Unidos, o Ver.
Mauro me auxilia e diz que ela estava na Califórnia -, estava governando o
Estado por telefone. Mas o DAER estava ausente, e, das seis cancelas que havia
em Portão, por exemplo, quatro apenas funcionavam, duas estavam livres, e houve
cinco quilômetros de congestionamento. Não é aceitável isso, meus caros Pares.
Não é aceitável esse desleixo, esse descuido, essa irresponsabilidade da Srª
Governadora para conosco, os gaúchos.
E eu não estou entrando aqui nas questões que estão
em pauta no cotidiano, que são questões que serão julgadas pela Justiça, pela
Assembleia Legislativa, pelo Ministério Público, que apura os fatos; mas a
ausência, Ver. Pujol, da Srª Governadora, que abandona o Estado e não avisa o
Vice-Governador e não repassa o cargo sequer ao Presidente da Assembleia ou, na
ordem sucessiva, a quem de direito fosse, é um fato gravíssimo, é um fato
lamentável. Enquanto nós, assim, ficamos à deriva, ficamos presos nos congestionamentos.
Eu cheguei às 19 horas, andando a cinco quilômetros por hora, no pedágio de
Portão, e só consegui passar às 20h05min. Uma hora exatamente andando a cinco
quilômetros por hora. E a Cidade estava vazia, porque outro congestionamento
acontecia na Freeway também, no pedágio, pelo que ouvi nas rádios pelo
menos.
Então é lamentável que ocorram episódios desse
tipo. E quem está me assistindo, quem está ouvindo, sabe do que se trata, do
martírio que todos passaram ontem, aqueles que tiraram a semana da Páscoa como
uma semana de descanso, uma semana de viagem com a família, uma semana de
lazer. Só temos que lamentar, e lamentar demais os fatos.
Aliás, é bom que se diga: a Srª Governadora, que viaja, que abandona o Estado, que não repassa o cargo nem para o Presidente da Assembleia, nem para o Vice-Governador, a ela está sendo pedida, pelo Tribunal de Justiça, uma intervenção no Estado do Rio Grande do Sul por descumprimento de ordem judicial pelo Prefeito de Porto Alegre, o Prefeito José Fogaça. Parece-me que o assunto é grave e está sendo tratado lateralmente ou minimamente pela imprensa, mas esse é um fato relevante. O Rio Grande do Sul está sob alvo de intervenção, por falta de atitude da Srª Governadora em relação ao Prefeito Municipal, que descumpriu a ordem de pagamento de precatórios. Esse é um assunto que está na ordem do dia. E é preciso que a gente escute, porque esse assunto é do interesse de toda a Cidade e de todos os gaúchos. Obrigado pela atenção.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Visivelmente
não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão. Agradeço aos Sras Vereadores
por terem colaborado no cumprimento rigoroso da nossa pauta.
(Encerra-se a
Sessão às 18h51min.)
* * * * *